sábado, 13 de fevereiro de 2010

Vale à pena...


Ler sempre esse editorial escrito por Mino Carta! 

Publicdo na carta Capital dessa semana, em 11 de fevereiro de 2010 (www.cartacapital.com.br), que rebate as críticas de FHC ao trabalho empreendido pelo Governo Lula nestes 7 anos de governo.
Como muito bem escrito por Mino, menciona além de Lula - eleito internacionalmente o Melhor Estadista de 2009, a participação de competentes Ministros, que  assumiram pastas e fizeram de suas atividades o que nunca ninguém fez na história do Brasil, a exemplo, o trabalho empreendido por Celso Amorim no Ministério das Relações Exteriores, Tarso Genro a frente do Ministério da Justiça e, também, Dilma Rousseff na Casa Civil.
Vejo que não se trata de levantar a bandeira petista, achando que estamos no "país das maravilhas", mas penso que temos nas mãos projetos políticos bem definidos, - embora a proposta do PT esteja muito longe de ser um projeto de esquerda -, um que leva o Brasil ao neoliberelismo (com bases claras de colonialidade), em que a economia impera em detrimento de todas as demais políticas sociais; ou, o que vem sendo proposto no Governo Lula, uma tentativa de introduzir uma cultura "democrático-participativa", mesmo com todos  os equívocos e contradições, intrínsecos a quaisquer projetos plurais.
Ainda, saliento que mesmo que saibamos que não está em pauta a ruptura das estruturas capitalistas e sequer a possibilidade de romper radicalmente com o liberalismo, vemos uma nova perspectiva de construção de espaços políticos e de mobilizações sociais, mesmo que seja com o hasteamento das velhas bandeiras de luta pela terra, de luta pelo reconhecimento da igualdade racial, de gênero, de cidadania, etc.
Embora o passado faça parte das análises, principalmente em se tratando de um compartaivo entre duas gestões próximas, penso que é para o futuro que iremos e é neste sentido que devemos refletir nossas escolhas políticas (e  eleitorais, claro!), tendo como norte um claro, mesmo que defeituoso, processo de inclusão social!
É isso aí. 
SALIENTO QUE NÃO SOU FILIADA AO PT.
 

Pecado Capital, Por Mino Carta
 
É do conhecimento até do mundo mineral que Fernando Henrique é vaidoso. Mesmo os amigos mais chegados lhe apontam o pecado desde os tempos em que iam às calçadas paulistanas na noite da corrida de São Silvestre para torcer pelo tcheco Emil Zatopek, a “locomotiva humana”, por enxergar nele o perfeito representante do império soviético.

Pecado capital, a vaidade, segundo os católicos. Se esse aspecto da personalidade do ex-presidente não passa despercebido aos olhos do Pão de Açúcar e da Pedra do Baú, imaginem o que se dá com Lula, um expert em FHC. As mais recentes reações do príncipe dos sociólogos às comparações promovidas na área petista entre seu governo e o de Lula servem somente para demonstrar que FHC é pecador contumaz, de sorte a alegrar seus adversários e, assim me parece, inquietar José Serra.

Se a vaidade de FHC se estabelece, Lula vence, pois é exatamente a vitória que procura. O presidente montou o ardil, o ex-presidente caiu na esparrela. Adaptou-se ao esquema do plebiscito convocado peremptoriamente pelo atual titular sem perceber o erro pueril que estava a cometer. Vanitas vanitatum, diriam os antigos romanos. Dona Dilma esfrega as mãos de puro contentamento.

Interessantes as repercussões na mídia nativa. O Estadão, por exemplo, com patética insistência, orgulha-se por ter publicado no domingo 7 o artigo de FHC que abre fogo e que teria seguimento na segunda com novos, comovedores esforços do ex-presidente para levar lenha à lareira petista. Já a Folha de S.Paulo na terça levanta claras dúvidas quanto à conveniência das atitudes fernandistas a contrariar a estratégia do governador Serra. O qual, anote-se, fecha-se em copas.

O jornal tem sido bom intérprete do pensamento serrista, de sorte a induzir a impressão de que expõe, de fato, o desconforto do pré-candidato. E chega ao ponto de colocar em papel impresso aquilo que FHC não disse e deveria ter dito a bem da verdade factual. No caso da taxa de pobreza, ela permaneceu estável de 1996 a 2002, caiu “de forma aguda” somente sob Lula. A Folha lembra também que o salário mínimo cresceu mais no governo atual e que as dívidas interna e externa fermentaram à desmesura à sombra do tucanato.

Apesar de tudo, a Folha foi generosa com o ex-presidente, aquele que o mundo nos invejou, não é mesmo? Aliás, Lula atingiu uma popularidade mundial com que FHC nunca sonhou, graças também a uma política exterior conduzida com extrema competência, enquanto o antecessor, protegido de Clinton, atrelou-se passivamente à vontade americana e professou a religião neoliberal. Quem sabe, no caso dê o ar de sua graça outro pecado capital: a inveja, ótima aliada da vaidade.

Há, entretanto, comparações mais preocupantes, digamos assim. Fernando Henrique quebrou o Brasil três vezes e sua obra-prima em matéria foi realizada para garantir o segundo mandato, quando, em campanha, prometeu a estabilidade do real para desvalorizá-lo doze dias depois de empossado. Antes, votos de parlamentares haviam sido comprados para assegurar a alteração constitucional.

E nem se fale das privatizações, colossal bandalheira sem precedentes na história pátria, tormentosa época em que a turma da equipe econômica se referia a FHC como a “bomba atômica”. E também evitemos referências à chacina de Eldorado dos Carajás, perpetrada pela polícia de um governador tucano pronta a atirar em lavradores do MST. Dezenove morreram diante do descaso do presidente da República.

E por que não evocar a figura onipresente de Daniel Dantas, o banqueiro do Opportunity, favorecido pelas privatizações e pela condescendência de FHC, que mais de uma vez lhe fez as vontades? Ou não seria mais verdadeira a recíproca? Ou, por outra, a condescendência de Dantas em relação ao presidente da República e ao tucanato em geral?

Certo é que FHC fortalece a ideia do plebiscito, tão cara e pacientemente cultivada pelo adversário.

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