terça-feira, 30 de junho de 2009

ando meio...

Desligada!

Foi um breve período... não se preocupem (Risos!).
A semana passada foi conturbada e esta já começou agitada! Não tive tempo de escrever nada decente, mesmo com muitos acontecimentos nacionais e internacionais, não os digeri ainda, até porque não há grandes espaços midiáticos além da morte do "Ídolo" Michael Jackson... 
Adianto que ele não é meu ídolo!
Tenho outros ídolos, com ideias políticos nada pasteurizados! OU MELHOR, com ideais políticos. Não pasteurizado, não embalado a vácuo e não conservado quimicamente!
Respeito o ser humano que perdeu a vida por uma causa ainda não muito bem justificada, mas é irritante aguentar a "midia gorda e grande" querendo criminalizar o médico, a mãe, o pai, o raio que o parta!
Respeito, de igual forma, as complicações psicológicas que fizeram daquela criança um ser controverso, complexo e mutilado, mas repudio a paz de espírito (falta uma palavra adequada pra nominar esta solução às suas perturbações, sem que eu tenha de entrar nas discussões das psicologias - independente de linhas!) que o DINHEIRO não comprou
Vê-se concretamente que o dinheiro dele ao invés de torná-lo (a si prórprio e não para os outros) uma pessoa melhor e resolver (ou ao menos superar) os "traumas" da infância e das agressões sofridas (se é que de fato elas aconteceram, ou é mera especulação, ante a falta de assunto que permeia esta cobertura global), transformou-se num ser plástico, degradado,  descartável, tal e qual a indústria da cultura POP.
BEM-VINDOS ÀS CONSEQUÊNCIAS DA PÓS-MODERNIDADE! Infelizmente... Em breve poucos saberão quem é MJ, como muitos já nem sabem, porém engrossam o caldo do setor dos "sem assunto"! (pronto, desabafei minha indignação!)
Há poucos minutos, enquanto pensava no assunto do post, assistindo ao "nada tendencioso" Jornal da Globo, apresentado por William Waack, passados 2 blocos de notícias de Hollywood, diz a nota: "A ONU e Países do Mundo inteiro, INDEPENDENTE DE POSIÇÃO POLÍTICA, desaprovam o Golpe de Estado em Honduras....!", esta e mais meia dúzia de palavras, incluindo a de que o Presidente Lula está retirando as Missões Diplomáticas daquele País, foram a cobertura do JORNALÃO para um assunto seríssimo. A medida de retirada é drástica, em se tratando de Política Internacional. Condena-se o Golpe Militar aplicado, mas esquecem que só o Presidente foi "sequestrado", o POVO  (constituído de nacionais e imigrantes) continua lá, sofrendo as consequências das ditaduras DE DIREITA, que defendem e financiam este mercado de consumo destituído de reflexão e senso crítico e, simplesmente, os Consulados e Embaixadas estão fechando as portas?
Sob a ação Militar existe uma lógica e uma base ideológica de dominação. Seria irresponsabilidade minha fazer qualquer análise sobre as politicas de Honduras, pois não conheço, todavia, as manobras militares na América Latina sempre foram o braço armado do domínio do sistema capitalista, da soberania econômica e cão de guarda das classes  (elites) dominantes. 
Jamais se prestaram a defender o seu povo e a soberania social, fazendo valer os direitos das minorias - que são maiorias! (esta mesma lógica militar - de guerra e supressão de direitos pela violência física - se aplica à formação policial estabelecida como modelo e reproduzida culturalmente às novas gerações; o exemplo mais recente que temos - talvez não mais recente, mas o que mais me chamou a atenção nas últimas semanas - é o do Confronto da Polícia Militar de SP com os Funcionários e Estudantes da USP).
Pergunto-me: se todos se retirarem, mantendo-se tão-somente POVO e Exército, quem vai socorrer humanitariamente os Cidadãos? Basta simplesmente dizer que não concorda com o Golpe, fechar as portas e se retirar? 
Só esqueceram de dar "adeus" a quem fica nas mãos das políticas brutais que penssávamos que haviam ficado no Século passado.
Bom, amanhã em Florianópolis não será diferente, além do frio e da chuva, está prevista a greve dos Motoristas do Transporte Coletivo Municipal, que deve começar às 7h da manhã!
Dia de caos na cidade... uso e abuso da proteção do capital! 

A luta por melhores salários e melhores condições de trabalho que é DISCURSO DE COMUNISTA, DE BADERNEIRO E "COMEDOR DE CRIANCINHAS"... isto sim ficou soterrado pelo Muro de Berlim...

***
Bom, mudando de assunto, tive um feliz reencontro virtual com um Amigo da época de Colégio de Aplicação, LUCIANO COLOSSI, mesmo morando na mesma cidade faz anos que não o vejo, Ele é Artista Plástico e tem suas obras expostas nas páginas Arte Atual e Artists Rising, obras essas que passam a ilustrar meus posts. 
Publicações devidamente autorizadas e respeitando todos os direitos do Artista, claro! 

Querido, já escrevi diretamente falando que adorei o trabalho e, além, faz eu reviver nossas épocas transviadas! Risos! Lembro de você, o Edu (Ribeiro) e o Chico (Saraiva), cada uma na sua viagem artística própria: você com seus desenhos esferográficos em todos os cadernos (eu devo ter algum rabiscado também!), o Edu na bateria imaginária nas carteiras de madeira do CA e o Chico assobiando ou cantando alguma música da MPB! Saudades!
Fantástico isso!  O mundo virtual tem um lado muito bacana!

Abraç@s a Tod@s Sempre! 
Menção especial hoje ao Luciano pela gentileza de colorir e alegrar meu Blog e Aquele Grande Homem que parte em poucas horas para levar ao Velho Mundo um pouco da sua experiência na construção de "um outro mundo possível!" (vai tranquilo e sem medo de ser feliz!)

Dani Felix

quinta-feira, 25 de junho de 2009

Um *Q* das veias abertas e revolucionárias!

Reler Eduardo Galeano é reviver, mas, ao mesmo tempo, é se dar conta de que suas palavras ultrapassam as barreiras de tempo e de espaço. São sempre atuais. 
Seriam cômicas se não fossem realidade, nua e crua.
Ontem em mais uma escavação virtual encontrei a versão digital de "As Veias Abertas da América Latina", que li na 8ª série, na disciplina de geografia, com a Professora Sandra (Queridíssima a quem guardo um imenso carinho!). É verdade, 8ª série, em Geografia, pode?!
Enquanto os colégios tradicionais lecionavam geografia física, com coisas do tipo soltsício, equinócio, clima tropical, subtropical e polar, Eu e meus Saudosos Amigos de Colégio de Aplicação, da UFSC, tínhamos geografia política, com autores de base declaradamente Marxista.  Líamos de tudo um pouco, além de Galeano, me recordo de Hobsbawn, próprio Marx, Milton Santos, Freud...

Além da geografia política, tínhamos história social crítica com o Professor Rodolfo, filosofia com a Jandira... (e, a melhor de todas, educação sexual ao invés de religião! Falo isso porque não tem coisa melhor para uma adolescente  - não ter aula de religião e, - ter com quem conversar, já que as mães daquela época ainda não tinham um esclarecimento e preparo pra lidar com a sexualidade, nem sei se hoje os pais têm este preparo, mas acredito que hoje as informações e as prevenções são bem mais explícitas do que os idos fins da tenebrosa Década de 80 e início de 90!).
Mas, voltando ao Galeano, conhecer aos 13 anos de idade a forma que o Capitalismo se estruturou na América Latina, e tantos porquês como consequência das reflexões... 
- o Brasil tinha aquela inflação exorbitante e o FMI só nos emprestava $$$;
- os sindicatos faziam greves e pararam as fábricas, na luta por melhores salários e condições de emprego;
- os pobres coitados Trabalhadores de Serra Pelada, além de "pelados", morriam pobres em decorrência do excesso de mercúrio no organismo;
- por outro lado, a NASA investia milhões no espaço sideral...
Minha Mãe, Socióloga e a época Coordenadora do Curso (na mesma Universidade), já reclamava da falta de professores nas áreas de humanas e o excesso de verbas destinadas à tecnologia. 
Sabe o que é mais angustiante em tudo isso?
Saber que 20 anos se passaram e as coisas afundaram, algumas entraram literalmente em colapso, como é o caso das Universidades Públicas Brasileiras e do Ensino Público básico e médio, a falência dos Sindicalismos e, por consequência, dos direitos e das garantias dos trabalhadores.
Até quando negligenciaremos as reflexões estruturais do Modo Capitalista de Produção e a Ideologia Liberal que se perpetua desde a Era das Revoluções?
O 'Dicionário da (não tão) Nova Ordem Mundial', assim como 'As veias abertas da América Latina', 'De pernas pro ar' na minha concepção se eternizaram e se transformaram em clássicos da literatura! 
Vale sempre ler, reler e jamais esquecer!
Diccionario del Nuevo Orden Mundial . Imprescindible en la cartera de la dama y  bolsillo del caballero

apartheid. Sistema original de África del Sur, destinado a evitar que los negros invadan su propio país. El Nuevo Orden lo aplica, democráticamente, contra todos los pobres del mundo, sea cual fuera su color.
bandera. Contiene tantas estrellas que ya no queda lugar para las barras, Japón y
Alemania estudian diseños alternativos.
comercio, libertad de. Droga estupefaciente prohibida en los países ricos, que los países ricos venden a los países pobres.
consumo, sociedad de. Prodigioso envase lleno de nada. Invención de alto valor científico, que permite suprimir las necesidades reales, mediante la oportuna imposición de necesidades artificiales. Sin embargo, la Sociedad de Consumo genera cierta resistencia en las regiones más atrasadas. (Declaración de don Pampero Conde, nativo de Cardona, Uruguay: «Para qué quiero frío, si no tengo sobretodo».)
costos, cálculo de. Se estima en 40 millones de dólares el costo mínimo de una
campaña electoral para presidente de los Estados Unidos. En los países del Sur, el costo de fabricación de un presidente resulta considerablemente más reducido, debido a la ausencia de impuestos y al bajo precio de la mano de obra.
creación. Delito cada vez menos frecuente.
cultura universal. Televisión.
desarrollo. En las sierras de Guatemala: No se necesita matar a todos. Desde 1982, nosotros dimos desarrollo al 70% de la población, mientras matamos al 30% (General Héctor Alejandro Gramajo, ex ministro de Defensa de Guatemala, recientemente graduado en el curso de Relaciones Internacionales de la Universidad de Harvard. Publicado en Harvard International Review, edición de primavera de 1991).
deuda externa. Compromiso que cada latinoamericano contrae al nacer, por la módica suma de 2000 dólares, para financiar el garrote con el que será golpeado.
dinero, libertad del. Dícese del rey Herodes suelto en una fiesta infantil.
gobierno. En el Sur, institución especializada en la difusión de la pobreza, que periódicamente se reúne con sus pares para festejar los resultados de sus actos. La última Conferencia Regional sobre la Pobreza, que congregó en Ecuador a los gobiernos de América Latina, reveló que se ha logrado condenar a la pobreza a un 62,3 por ciento de la población latinoamericana. La Conferencia celebró la eficacia del nuevo Método Integrado de Medición de la Pobreza (MIMP).
guerra. Castigo que se aplica a los países del Sur cuando pretenden elevar los precios de sus productos de exportación. El más reciente escarmiento fue exitosamente practicado contra Irak. Para corregir la cotización del petróleo fue necesario producir 150 mil daños colaterales, vulgarmente llamados víctimas humanas, a principios de 1991.
guerra fría. Ya era. Se necesitan nuevos enemigos. Interesados dirigirse al Pentágono, Washington DC, o a la comisaría de su barrio.
historia. El 12 de octubre de 1992 el Nuevo Orden Mundial cumplió 500 años.
ideologías, muerte de las. Expresión que comprueba la definitiva extinción de las ideas molestas y de las ideas en general.
impunidad. Recompensa que se otorga al terrorismo, cuando es de Estado.

intercambio. Mecanismo que permite a los países pobres pagar cuando compran 
cuando venden también. Una computadora cuesta, hoy día, tres veces más café y cuatro veces más cacao que hace cinco años (Banco Mundial, cifras de 1991.)
life, american way of. Modo de vida típico de los Estados Unidos, donde se practica poco.
mercado. Lugar donde se fija el precio de la gente y otras mercancías.
mundo. Lugar peligroso «A pesar de la desaparición de la amenaza soviética, el mundo continua siendo un lugar peligroso.» (George Bush, mensaje anual al Congreso, 1991.)
mundo, mapa del. Un mar de dos orillas. Al Norte, pocos con mucho. Al Sur, muchos con poco. El Este que ha logrado dejar de ser Este, quiere ser Norte, pero a la entrada del Paraíso un cartel dice: Completo.
naturaleza. Los arqueólogos han localizado ciertos vestigios.
orden. El mundo gasta seis veces más fondos públicos en investigación militar  que en investigación médica. (Organización Mundial de la Salud, datos de 1991.)
poder. Relación del Norte con el Sur. Dícese también de la actividad que en el Sur ejerce la gente del Sur que vive y gasta y piensa como si fuera del Norte.
riqueza. Según los ricos, no produce la felicidad. Según los pobres, produce algo
bastante parecido. Pero los estadistas indican que los ricos son ricos porque son pocos, y las fuerzas armadas y la policía se ocupan de aclarar cualquier posible confusión al respecto.
veneno. Sustancia que actualmente predomina en el aire, el agua, la tierra y el alma.
grifos meus!!!

Texto -  Eduardo Galeano, "Ser como ellos y otros artículos", Siglo Veintiuno de España Editores, Madrid, 1992. Ilustração - Joaquím Torres García.(ambos Uruguaios)
Eu estou um *Q* de revoltada e, por isso, canalizei para a literatura marxista. A nostalgia das recordações e a tentativa de reconstruir o caminho de como eu me construí , me tornei este 'ser' contraditório, intenso, implicado, emotivo, passional faz eu me perder nos meus pensamentos e, assim, esquecer as dores presentes... as frustrações...
Entendo, perfeitamente, os versos dos escritores românticos... Risos!

Besitos Compañeiros e Compañeiras!
"Hasta la vitoria, siempre!"

Dani Felix®
 

domingo, 21 de junho de 2009

"A história do sistema penal é a história das injustiças contra presos"

 


Pesso@al,
Reproduzo aqui um texto intitulado (não sei ao certo se é este mesmo) "A invenção do crime e a abolição da punição: o discurso abolicionista" que encontrei no Blog Justiça Restaurativa, que, por sua vez, creditou-o ao Núcleo de Sociabilidade Libertária (Grupo de Pesquisa Nu-Sol PUC-SP), que passa a integrar o rol de favoritos pela qualidade do material lá disponibilizado, todavia, não faz menção ao Autor do Artigo.  Quem souber, por favor, informe, que adicionarei ao post.
Aos "Criminos@s" de Plantão... vale a visita!
NOTAS: 
*Os grifos no texto, bem como a informação sobre cifras ocultas são de minha responsabilidade!


O discurso abolicionista[i]
O abolicionismo penal afirma Louk Hulsmann, um dos seus principais formuladores, é um movimento social e acadêmico. Procura envolver pessoas e organizações solidárias à liberdade e interrogar os efeitos provocados pelas sucessivas reformas penais modernas que não solucionam os sucessivos problemas acumulados no interior do sistema penalizador.
O final da Segunda Guerra anunciou o abolicionismo penal com o surgimento da escola da defesa social com Felippo Gramatica, na Itália, mas ele ganhou só amplitude a partir dos anos 1970, como efeito das revoltas de 1968 — ano apontado com propriedade por Antonio Negri, como data fundamental para a compreensão de nossa história e que possui a mesma relevância de 1789 e 1848.
Foi o ano das rupturas com as grandes dominações e que repôs o anarquismo no debate político, desdizendo seu suposto final localizado na guerra civil espanhola.
George Woodcock, em 1986, premido pelos acontecimentos, redigiu um novo prefácio ao seu Anarchism, a history of libertarian ideas and movements, de 1962, e sublinhou também a vida e a atualidade do anarquismo.
O investimento titânico de Michel Foucault voltando-se para os micropoderes, o redimensionamento apontado por Gilles Deleuze acerca da subjetividade e a aproximação de publicações anarquistas de reconhecimento internacional, atestam as várias dimensões que o libertarismo vem assumindo.
Diversos autores também ressaltam que mesmo não apresentando um projeto de sociedade, 1968 sinalizou para o fim do socialismo autoritário com 20 anos de antecedência e se viu prensado por políticas repressivas em escala crescente na Europa e nas Américas, ancoradas no boom conservador dos anos 1970, com a crise do welfare-state.
O abolicionismo penal é um pensamento que opera no campo da polivalência tática dos discursos. Congrega no seu interior pensadores de perspectivas libertárias, como Hulsmann, mas também marxistas do calibre de Nils Christie e Thomas Mathiesen. Afirma o esgotamento das reformas penais levando ao limite as constatações desde Beccaria, no século XVIII — que apontavam para ineficiência da reclusão — até Foucault desvendando a intrincada conexão entre saberes delinqüenciais e policiais. Dialoga com as vertentes despenalizadoras que privilegiam a diversificação da aplicação de penas como redutores à prisão e não deixa de interrogar que subjacente a esta política de direitos humanos permanece inalterada a criminalização de comportamentos supostamente inaceitáveis. Sabemos, desde Hegel, que não há penalização que não esteja correlacionada à história e que somos obrigados a concluir em favor dos condenados frente à obtusa, longa e moralista cerimônia de promulgação de sentenças, a corrupção policial e a morosidade administrativa sempre exigindo reformas para melhor funcionar com eficiência e rapidez.
A história do sistema penal é a história das injustiças contra presos, dos erros judiciários, da economia das penas, da transformação da vítima em testemunha, das múltiplas revisões. Nela quase nunca está em jogo a justiça para a vítima. Não se investe no seu ressarcimento mas na perpetuação do sistema de vinganças transformando-a em testemunha, parte do inquérito que alimenta e retroalimenta o sistema punitivo custoso e sempre em expansão. A vítima é testemunha num sistema de altos custos para o Estado no qual os principais beneficários permanecem sendo os burocratas.
O sistema penal moderno dirige-se para o controle dos diferentes, produto de uma sociabilidade autoritária capitalista ou socialista, sob a democracia ou nazismo, que não suporta aqueles que pretendem interceptar e que anunciam, segundo Antonin Artaud, verdades que são insuportáveis para a sociedade. São loucos, miseráveis, pobres, prostitutas, homossexuais, crianças e jovens infratores, grupos religiosos, raças e até populações.
Os luddistas ingleses, em 1812, foram vítimas preferenciais da framebreaking bill (que estendia a pena de morte aos pobres quebradores de máquinas). As prisões modernas encarceravam sob a inspiração do modelo panoptista de Jeremy Benthan e os loucos eram elevados à condição de doentes mentais nos manicômios. Os hospitais tranformavam-se em máquinas de cura e os socialistas apareciam com voz e veto instabilizando a ordem filantrópica que desaparecera com o fim dos Hospitais Gerais no final do século XVIII. No Brasil o Hospício Pedro II na metade do século XIX, as penitenciárias e os recolhimentos para menores que inaugurariam o XX viriam disciplinar o que passava a ser impossível para a filantropia. Não tardaram a aparecer campos de concentração no Amapá para anarquistas, como o de Clevelândia, no governo de Arthur Bernardes no início dos anos 20, muito antes dos campos nazistas que foram familiares aos norte-americanos para japoneses e aos soviéticos para dissidentes, até mesmo a aparição dos campos de extermínio chineses que foram espelho para os nazistas.
A sociabilidade autoritária moderna não suporta o diferente, porta um projeto moralizador com base na concepção de prevenção geral que pretende normalizar a sociedade suprimindo, reeducando e integrando os perigosos. Em nome da racionalidade ou da religião, ela estabelece o tráfego intenso entre fé e razão em função de uma moral do rebanho. Não foi apressada a constatação de Nietzsche em Genealogia da moral, ao afirmar que a democracia seria a mais fecunda das religiões da razão no século XX — o século de Marx, Freud e Nietzsche. Foi um século que começou com a realização do sonho do socialismo centralizado como meio para a justiça social e foi encerrado com a confirmação da democracia como moderna religião da massa; acreditou-se na psicanálise como pacificadora dos desejos e do inconsciente e convivemos com o conformismo e as insatisfações étnico-religiosas, centros deflagradores de inconscientes autoritários. 1968 colocou o século em xeque. Desnorteados, muitos desamparados saíram em busca do paradigma perdido, incensando a democracia como valor universal, a importância da prevenção geral para a segurança e a política, exigindo políticas especiais de repressão e educação, e nada mais fazendo que dinamizar novos setores eletrônicos de controle, internos à prisão ou de defesa frente aos supostos agressores.
Pensar a justiça social e redução da pobreza, com ou sem privatização, com maior ou menor intervenção estatal apenas dinamizou os setores repressivos com a privatização de prisões, proliferação de atendimentos filantrópicos de prevenção por organizações não-governamentais e a disseminação de uma compaixão cívica aureolada por uma consciência empresarial despenalizada de parte dos tributos dispensados ao recolhimento público.
O abolicionismo penal não se furta ao diálogo com o humanismo de final de século norteado por esta ética da fraternidade. É seu interlocutor privilegiado questionando os limites das políticas humanistas pois interessa-lhe saber como dar reparos às vítimas e compreender os infratores envolvidos em situações-problema tidas como delituosas. A noção de situação-problema é fundamental porque nos orienta para entender a maneira pela qual infrator e vítima são colocados cara a cara, evitando-se a reconstrução das técnicas da prova e do inquérito como verdades jurídicas. Vários estudos têm mostrado que colocar vítima e agressor frente a frente é um método mais eficiente na redução de reincidências entre adolescentes, além de ser uma forma de barateamento dos custos do Estado. Conclui-se que é mais barato para o Estado indenizar a vítima do que sustentar um preso na cadeia.
O abolicionismo penal está interessado na vítima e no agressor reduzidos, respectivamente, pelo sistema penal à condição de testemunha e réu. Tem como principal objetivo conjugar a crítica ao direito penal — ao princípio punitivo e à correlata tese da prevenção geral —, com um movimento social capaz de suprimir os encarceramentos como forma de controle social. Não acredita que o fim das prisões seja uma das utopias da sociedade justa e igualitária e pretende mostrar que é possível suprimi-la a qualquer momento. O abolicionismo não se pretende utópico e tampouco admite ser tratado como trapaceiro ou irresponsável.
Nada nos impede de notar que a história das invariantes estatísticas prisionais apontam para uma certa estabilidade destoando dos registrados aumentos de população. As escalas ascendentes e descendentes, quando ocorrem, relacionam-se a efeitos de repressão moral ou político-cultural circunstancial. Curiosamente, nos últimos tempos, quando se investe em disseminação de direitos, ela tem aumentado independentemente dos programas de diversificação das penas. Hoje em dia a reclusão prisional ajusta-se à reforma eletrônica das prisões e às chamadas políticas de tolerância zero que respondem à moral conservadora de segurança que exige eficiência burocrática.
Imagina-se que se chegará a um ponto em que toda infração será comunicada à autoridade policial, que esta, imediatamente, acionará o encaminhamento ao judiciário, e que este, em tempo recorde será capaz de julgar e penalizar o criminoso. Esta utopia da sociedade de controle desconhece que existe uma sociedade sem penas, não só porque há a ocorrência da cifra negra[ii] (a diferença entre infrações denunciadas na polícia e aquelas efetivamente julgadas com rapidez pelo direito penal) mas porque boa parte das infrações são equacionadas pelos envolvidos sem a necessidade das formalidades jurídicas do justo. O que esta utopia esconde é que não se reconhece mais a prisão como lugar de ressocialização e futura reintegração social a transforma em depósito de corpos para os quais os únicos investimentos estão na redução da possibilidade de fuga a zero e mantê-los sob o rigoroso sentenciamento com base no aumento da pena. A sociedade reconhece que ela não sabe o que fazer com os infratores ao mesmo tempo que imagina a diversificação da pena como meio de ampliação da prevenção geral. Exige-se que o indivíduo diferente se conscientize que será apanhado e é só isto que interessará ao sistema penal. Desaparece a preocupação com o futuro do infrator; a pena de morte se reescreve com a eternização do confinamento.
As prisões para adultos e jovens agora se inscrevem no espetacular e lucrativo ramo da indústria eletrônica, com seus chips e códigos de barra, para vigiar internos e controlar os que vivem em liberdade vigiada ou semi-liberdade gerando com isso uma complexa modernização na concepção de campo de concentração. Nils Christie o mostrou em Indústria do controle do crime, ressaltando que os subúrbios tendem a se transformar nestes novos campos de concentração habitados na maioria das vezes pelos defensores principais da repressão, os próprios e intolerados diferentes.
A justiça como sinônimo racional de revanche sangrenta ainda não foi superada. Invertendo os pressupostos da prevenção geral — posto que ela se destina, pela ameaça da aplicação do castigo, a uma maioria que não a incorpora —, pelo de situação-problema, eliminamos a idéia de ontologia do crime para beneficiar o princípio da conciliação. Estão em jogo os dispositivos suplementares de solução que envolvem o uso da terapia (observadas as pertinentes anotações de Foucault acerca dos riscos de se substituir a prisão pela terapêutica), a educação (em sentido amplo de sociabilidade diferenciando-se de instrução cujo limite é a laborterapia) e a compensação (o que não implica em transformar o agressor em escravo da vítima). Isto exige que o recrutamento de juízes ocorra também entre os trabalhadores, que evitem a arrogância e que prescindam de técnicos instrumentalizados por uma competente e neutra avaliação técnica, sobrecarregados de valoração preconceituosa.
O abolicionismo penal exige que os intelectuais indiquem a situação das instituições e associem-se aos encarcerados pretendendo dar um basta ao lucrativo espetáculo das denúncias. Nele não cabem intelectuais profetas, mas parceiros. Exige-se que os meios de comunicação de massa deem atenção às situações-problema e que se divulgue entre os diferentes a condição paradoxal de ser ao mesmo tempo os alimentadores do sistema penalizador e suas principais vítimas.
Ettiene de La Boétie, no século XVI, foi o primeiro a desafiar-nos a romper com a servidão voluntária, este ato de consentimento com base na obediência aos mandos e desmandos dos soberanos. Alertava-nos que apenas uma decisão corajosa contra o UM, ignorando-o, por si só já mostrava as condições para a afirmação da soberania individual. O escrito rebelde do jovem La Boétie ainda povoa os que preferem a sociedade sem soberanos, vivendo-a e não desejando-a como utopia. Sendo então possível uma sociedade sem soberanos para que serve uma instituição de reclusão para adolescentes? Afinal, não há mais como negar que a existência da prisão independe do regime político.
No final do século XVIII, William Godwin, escreveu o principal libelo anti-prisional moderno no interior de seu livro Justiça política identificando as procedências sócio-econômicas dos principais habitantes das prisões assim como o sofisticado circuito de reformas que promove o sistema penal. Para ele a prisão era inaceitável por explicitar a continuidade entre ricos e pobres, os diferentes, os supostamente perigosos. Godwin não via a prisão como lugar de educativa reflexão crítica moral do indivíduo frente a um suposto delito justamente julgado, de ressocialização ou de futura integração social; ela era apenas um lugar de aprimoramento de delinqüentes e de acelerada corrupção. Deste ponto de vista a prisão para adolescentes é inaceitável pois através da educação e o diálogo devemos investir na possibilidade de suprimir ao máximo as punições, não deixando de ter em mente que sempre haverá infelicidade e imprevistos porque inexiste uma bondade absoluta nos homens. Todavia são as exceções que nos trazem maiores desafios educativos que justificativas para a existência, ampliação e constante reiteração da prisão.
Desde La Boétie e Godwin sabemos da existência de uma sociedade sem soberanos e sem penas que já existe no interior da sociedade autoritária em que vivemos. A prisão não educou ou integrou e no final do século XX, a tolerância com reclusões para adolescentes é mais do que expressão de uma moral do inaceitável; é também o atestado que o Estatuto da Criança e do Adolescentes que pretende garantir a formação do futuro cidadão é letra morta ou acoberta a política de abandono dos corpos. Resta saber se a sociedade sem soberanos conseguirá desviar a rota de um mundo que se apresenta atualmente com pretensões universalizantes de democracia, direitos e segurança, desde que não se perca de vista a crítica formulada por anarquistas e marxistas desde o século XIX, que caracteriza a política de direitos como política de interesses, separação, distinção e confinamentos.
O anarquismo pretende abolir o Estado e o abolicionismo o sistema penal. Ambos são críticas à uma sociedade autoritária pautada pelo exercício da soberania centralizada e hierarquizada. Investem numa sociabilidade libertária que suprime verticalizações, propõe a amistosidade das relações com base na diferença, pluralidade e desobediências posto que não há um absoluto para liberdade que não se realize historicamente como totalitarismo. Não se buscam utopias pois a sociedade sem soberano já existe assim como a sociedade sem penas. Basta que as pessoas reparem!
O abolicionismo penal é um estilo de vida.


Núcleo de Sociabilidade Libertária - Nu-Sol

[i] Texto extraido de Justiça Restaurativa em Debate
[http://justicarestaurativaemdebate.blogspot.com/2008/06/inveno-do-crime-e-abolio-da-punio.html]. Publicado em 27 jun 2008. Acesso em 21 jun 2009 [Original: http://www.nu-sol.org. Acessado em: 27/06/2008].
[ii] O termo “cifras negras” tem sido modificado por vários autores que passaram a denominar cifras ocultas, dado o respeito aos Movimentos Negros.

sábado, 20 de junho de 2009

Olá Querid@s!

Ontem, naquela noite fria de Floripa, depois de um dia inteiro de trabalho teórico árduo, resolvi ver o filme que trouxe do Rio, indicado pela Minha Querida Sobrinha(Adotada) Lua Amora, chamdo KAMCHATKA! [Argentina, 2002, Policial, 105 minutos, Direção: Marcelo Piñeyro, Elenco: Ricardo Darín (Papai), Cecilia Roth (Mamãe), Tomás Fonzi (Lucas), Matías Del Pozo (Harry) - *trailer*].
Sou sempre suspeita pra falar de filmes com crianças protagonizando, assim como pra falar do Cinema Novo Argentino, simplesmente ADORO, mas este... é imperdível! Entrou na Minha lista de favoritos, junto com Valentin (trailer), que é pra mim um dos filmes mais fofos que já vi (tudo bem... Valentin tem um "Q" a mais para mim, pois faz eu voltar à minha própria infância... quem me conheceu sabe: "minha visão é normal, só tem um problema de ângulo!" Risos!)
Sobre o enredo, embora a Ditadura Argentina seja um tema recorrente para muitos diretores, o olhar de uma criança para o Mundo que vive, mesmo que seja cruel, traz um gosto doce e esperançoso... dificuldades, medos, ausências que aprendemos a lidar desde tenra idade e que muitas vezes nós, adultos, já calejados da vida, esquecemos... Os dois meninos do filme são fantásticos! Vale muito mesmo! Agora, nas provícias (como Floripa), acho pouco provável ter disponível pra locação... uma pena que filmes como este não caem no gosto do grande público.
***
Seguindo a onda das noites frias de inverno (que hoje se inicia!), inaugurei uma "coluna" no blog destinadas aos Cinéfilos de plantão. 
Alguns filmes listados faz muitos anos que vi (deveria começar a revisitá-los, em breve farei isto!), mas é uma espécie de inventário do que já assisti e valem muito à pena ver, além, é claro, dos filmes clássicos e documentários que valem ser listados. A medida que for lembrando, vou complemetar. 
NOTE-se que não estão listados (ainda) os filmes estadunidenses, pois não são os meus favoritos e levaria tempo demais para selecioná-los, em breve farei. 

Aceito sugestões, pois CINEMA é uma das coisas que mais amo na vida!
Beijos e bom fimde a tod@s!
Dani
 

quinta-feira, 18 de junho de 2009

Merece reprodução!

REVISTA CAROS AMIGOS - Edição de Junho de 2009, p. 19.
Colunista: CESAR CARDOSO
www.carosamigos.com.br


Pesso@l!!

Li na Caros Amigos deste mês e tomo a "liberdade" de repoduzir o artigo, fazendo todas as devidas referências ao autor, claro!
Além de 2010 ser ano de eleições, repensar as funções de dominação e legitimação de discursos - perversos e cruéis - que as pesquisas (estatísticas e de opinião) têm exercido, sem qualquer contestação, pelo foto de se dizerem "científicas".
Embora esteja na academia e pesquisando empiricamente dados e números, sabemos que toda a verdade é relativa, bem como a produção científica não é isenta e imparcial como se diz.
Dia desses... acho que assistindo ao Jornal Nacional (SIM! Às vezes tenho coragem e estômago para assistir o Casal de 1 Milhão de Dólares da TV Globo!), por ocasião dos festejos de 'não sei quantos anos de programa', William Bonner com o tom de voz de felicidade, anuncia algo semelhante a isso: - Temos a honra de estar a frente de um telejornal livre e democrático, em que seu conteúdo é ISENTO (...). Claro que dei muitas gargalhadas...
O que ainda me abala é saber que as pessoas de fato acreditam nisso! Pensam que a Rede Globo e outros meios da "Mídia Grande" (já que estou referenciando e reverenciando a Caros Amigos) são os bons moços da história.
Pensar na função da mídia atualmente é verificar o papel dela como uma agência de controle informal, que exerce e forma opiniões de acordo com os seus interesses e os interesses dos grupos econômicos que estão no poder (falo aqui no poder político e econômico principalmente).
Há muito se fala do poder desta mídia em eleger seus representantes, mas, além, tem se subtraído análises das consequências desastrosas que a mídia tem produzido com a dita "opinião pública". É desta forma que se tem verificado a hiperinflação legislativa criminal, principalmente, só para exemplificar, os CaUos de Polícia como "Isabela Nardoni", o que se está tentando manipular com o "Deputado do Paraná", o "João Hélio" no Rio, enfim, cada um destes exemplos trás à tona um movimento de manipulação midiática na tentativa de se criminalizar condutas, com vistas a aprisionar mais e mais pessoas, para que os 'Cidadãos de Bem' (como os ricos adoram se auto-denominar) possam usar suas horas de lazer para fazer compras e curar suas infelicidades... GASTANDO, CLARO!
Embora a internet ainda seja um meio de comunicação seletivo pelo seu preço de investimento e manutenção e, também, nem todos os potenciais usuários sabem ler, destes, muitos não compreendem ou selecionam ou conteúdos que estão à disposição (note-se pelas páginas campeãs de acesso em que os temas preferidos são: sexo, humor, futebol e fofoca), eu ainda acredito que há espaço para a crítica e reflexão de temas tão relevantes como este, dos usos indiscriminados e abusos não revelados das pesquisas supostamente científicas!
Que possamos sempre alertar e difundir idéias que tragam alguma esperança para a construção de outros projetos de futuros possíveis e inclusivos! Além do que esta política de "Pão e Circo" que a "Mídia Grande" adora oferecer.

Em tempo, aproveito pra informar e divulgar mais uma livraria virtual, inaugurada pela Editora Casa Amarela:

Livraria Casa Vermelha - Livros para todas as esquerdas - www.livrariacasavermelha.com.br


Um beijo, Dani Felix

(clique na imagem para ler o artigo em melhor qualidade)

terça-feira, 16 de junho de 2009

coisas boas... coisas novas!!!


Buenas Querid@s!!!
O dia hoje foi agitado, alegre, notícias boas e confortantes de Amig@s que estão longe e quietinhos, abraços quentes e aconchegantes dos meus PARES DE LUTAS, já com uma pauta cheia de atividades e projetos para colocarmos em prática!
Fora isso, a vida segue e não podemos ficar parados nem no tempo e nem no espaço, mesmo que este seja o virtual!
Vamos às novas!!!
Recebi 2 Presentes excelentes hoje!

1º: um Artigo do Meu Queridíssimo Amigo e Companheiro de Criminologia Crítica , CLÁUDIO ALBERTO GABRIEL GUIMARÃES, Promotor de Justiça lá no Maranhão e (Ex)Orientando de Doutorado de Vera Andrade, escrito em parceria com um Orientando, intitulado: "DEMOCRACIA E DIREITO PENAL: A INTERPRETAÇÃO DO JUS PUNIENDI CONFORME A CONSTITUIÇÃO".
Dentro da minha lógica política e ideológica, socializo com vocês! Inclusive já está na estante da Minha Biblioteca Virtual na Seção de Artigos e Publicações na página, em arquivo PDF.

2º: um Artigo do Meu Novo Amigo Mineiro, Dr. VIRGÍLIO DE MATTOS, que conheci no Rio de Janeiro, no Seminário do Instituto Carioca de Criminologia, - ICC, que já divulguei em postagens anteriores, que ele traz algumas Memórias, abordando de uma forma muito irreverente e realista (quem conheceu as pessoas que ele narra, imagina a descrição do acontecimento, mesmo não estando lá neste fim de noite!!! - Que eu perdi, diga-se de passagem! Mas, tudo bem! Teremos outras! Qualquer Boteco entre Floripa e Minas!) o que discutimos naqueles 3 dias... só em lembrar já sinto SAUDADE DO RIO DE JANEIRO!
Trago o artigo, integralmente, ao final do post em destaque e coloco na seção de Artigos e Publicações da página!

Ainda, depois do Almoço Criminológico, foi transferida a data da Conferência Livre do Mont Serrat, que estamos Organizando (Universidade Sem Muros) em parceria com o Centro Cultural Escrava Anastácia, atividade da 1ª Conferência Nacional de Segurança Pública - CONSEG, do dia 20 de junho, passou para 11 de julho, na Igreja Nossa Senhora do Mont Serrat, às 14h! Mais Informações!


“PERDEU, PLAYBOY, PERDEU!”[i]

Virgílio de Mattos[ii]

(Texto em homenagem ao coletivo do Núcleo do Sistema Penitenciário da Defensoria Pública do Rio de Janeiro que atua em Bangu, gente de fibra.)

- Primeira Parte -

Nos dias 3, 4 e 5 desse mês, na sempre encantadora cidade de São Sebastião do Rio de Janeiro – continua lindo, como dizia Gilberto Gil -, teve lugar o Seminário Temático - e etapa preparatória da 1ª Conferência Nacional de Segurança Pública - Impasses da política criminal contemporânea, organizado pela Secretaria de Assuntos Legislativos do Ministério da Justiça, o Instituto Carioca de Criminologia e o Núcleo de Estudos de Políticas Públicas em Direitos Humanos da Universidade Federal do Rio de Janeiro que propôs um “debate transdisciplinar das práticas e mentalidades punitivas no tratamento da questão criminal no Brasil contemporâneo, entre a crise do Estado Penitenciário e o recém inaugurado colapso do neoliberalismo”.

“A vida é louca, o bagulho é doido, a chapa é quente e o processo é lento...” como dizem os presos, velhos alvos, ainda que todos sejam muito jovens, alcançados pela barbárie do aprisionamento total em tempos de crudelíssimas apostas no encarceramento em massa para as massas de sem nada, até esperança; os jovens pobres, negros, moradores dos morros vilas e favelas, sem educação formal e acolhida, a não ser o pau puro da repressão penal que é uma acolhida que ninguém gostaria de ter, por mais masoquista que seja.

Testemunhamos um momento ímpar, raro e de intenso brilho: em nome dos contidos falam tonitruantes vozes, de todo o país e da América Latina, dando um basta rotundo – para lembrarmos expressão de um ilustre vizinho do local do evento, presente em geist, Leonel Brizola – à patética política criminal, de origem estadunidense, do total control.

Senti-me contemplado como se estivesse no paraíso cristão de onde só tivéssemos expulsado a maldade, a ideia perversa de explorar gente e a segregação. Adão e Eva discutiam a relação, Caim não era o adolescente problemático e Abel não tinha entrado para as páginas policiais como FRATRICIDA E GENOCIDA: EM UM SÓ HOMICÍDIO IRMÃO PROBLEMÁTICO DIZIMA UM QUARTO DA HUMANIDADE.

Mas vamos por partes, como dizia Jack, the ripper. Tentemos responder a algumas perguntas que são a chave do entendimento do que estamos vivenciando no entorno.

Por que ainda existe gente que acredita que com o encarceramento total se pode fazer justiça social?

Obviamente porque estão lucrando com isso. A indústria do controle do crime, para lembramos Nills Christie e Loïc Wacquant, movimenta uma gigantesca soma de dinheiro, em todo o mundo, que gera toda uma subcultura de magnatas a carcereiros, interessados em que a máquina de moer gente, que é a segregação penal, esteja sempre funcionando a “pleno emprego”, como gostam de dizer os administradores de empresas.

O que mais cresce no mundo inteiro em tempos de crise do modelo neoliberal?

Exatamente a indústria do controle de classes. Dos rejeitados, desvalidos, não consumidores (miseráveis) ou consumidores falhos (pobres). Todos aqueles que têm que inventar dia-a-dia o duro exercício da sobrevivência (punguistas, prostitutas, vendedores ambulantes, mendigos, varejistas de substâncias proibidas, etc.) estão inexoravelmente condenados: é só uma questão de tempo para que sejam alcançados pelo terrível monstro do aprisionamento.

E o medo? De que caverna escura sai o medo?

Medo de ter medo é um medo grande que tenho. Caso contrário, penso, se apequena a vida. Não vale a pena ser vivida vida sem riscos, limitada por cercas, latifúndio de percalços e nenhuma gargalhada, nem que seja de nervoso.

Mas gostaria de tangenciar, para entrar, para depois voltar, acelerando no final da curva, contando uma pequena passagem de Mariana, que voltava da parte final da madrugada – parte da conferência que não sairá nos anais – junto conosco e apresentava uma inquietação fora do comum.

Com o medo pânico estampado na bela face de militante jovem, às voltas com o perigoso vírus de “tentar mudar o mundo”, já inoculado em Mariana e seus amigos, todos igualmente jovens; perguntei-lhe o que estava acontecendo, se ela estava se sentido bem. O autêntico: “o que é que tá pegando”, como se diz na gíria carcerária. E ela me disse com seus brilhantes olhos assustados: “Tô com medo. Tô com muito medo de chegar alguém dizendo: “Perdeu, playboy, perdeu”. Todos nós rimos muito, inclusive ela. Tentei tranquiliza-la dizendo que estávamos todos juntos e que àquele horário em que até as mulheres profissionais procuravam seus parceiros para irem definitivamente embora depois de extenuante jornada de trabalho, o único medo era de demorarmos muito o passeio e sermos surpreendidos pelo sol, que era o meu arquiinimigo. Nada iria acontecer. Podia garantir isso (obviamente como todas as garantias algo sem nenhuma garantia). Emanávamos nossa força de lutadores da ideia antiprisional e antimanicomial. Gargalhamos de forma mais relaxada até chegar à porta do hotel, de onde nos despedimos.

Mariana ainda olhou para trás enquanto seguia com a maior parte do grupo. Vi um brilho mais aliviado no seu olhar. Obviamente a justiça social que pregamos não passa por expropriar ninguém nas madrugadas. Nossa luta é por delicadeza. Nossa luta é por cidadania, onde não haverá nenhuma necessidade de tomarmos, na bruta, os haveres de ninguém. Nossa luta, quando vitoriosa, abolirá também a necessidade disso.

(continua na próxima semana)


[i] - Espécie de “senha” com a qual se inicia a abordagem da vítima nas subtrações violentas na cidade de São Sebastião do Rio de Janeiro.

[ii] - Professor de Criminologia da Rede Nacional de Altos Estudos em Segurança Pública (RENAESP) do Ministério da Justiça. Do Grupo de Amigos e Familiares de Pessoas em Privação de Liberdade. Do Fórum Mineiro de Saúde Mental. Editor da revista VEREDAS DO DIREITO. Autor de Crime e Psiquiatria – Preliminares para a Desconstrução das Medidas de Segurança e A visibilidade do Invisível – Entre o ‘Parada, polícia’ e o alvará de soltura – Criminalização da pobreza e encarceramento feminino em Belo Horizonte no início do século XXI., dentre outros. Advogado criminalista.


Queridos Amigos, Cláudio e Virgílio, obrigada pela honra de tê-los presentes por aqui!
Beijos a tod@s!
Dani Felix

*A foto é pra matar um pouquinho da saudade!!!

2º Encontro Institucional pela Criação da Defensoria Dativa para SC

Discussão das questões pertinentes e óbices políticos que negligenciam a criação da Defensoria Pública Estadual, em SC.
Participem!

Horário: 18 junho 2009 de 9:00 a 17:00
Local: Florianópolis, SC
Rua: Arciprestes Paiva - Auditório da JFSC
Cidade: Florianópolis/SC
Info de contato: (48) 3222.7071
Tipo de evento: debate, e, mobilização
Organizado por: Defensoria Geral da União e Defensoria Pública Geral da União em SC

sábado, 13 de junho de 2009

Achado virtual!!!

Zaffaroni Christie, Young y Otros - Criminologia Critica
Publish at Scribd or explore others: School Work love children

Alguns podem ter esta obra, mas mesmo assim socializo!!!
Abraços,
Dani Felix

Professor relata ação violenta da tropa de choque na USP

Reproduzo aqui a carta publicada em 10.06.09, na Carta Maior, do Professor Pablo Ortellado, da USP, que relata a violência da Polícia Militar de São Paulo no trato dos Movimentos Sociais, neste caso específico, manifesto estudantil e dos funcionários da Instituição.
Episódios análogos fazem parte de nossa história, todavia, estamos diante de um Estado facista, terrorista, autoritário e, seus governantes se revestem discursivamente de um caráter democrático e livre, apoiado pela "mídia gorda" (referência aos Jornalistas da Revista Caros Amigos) e toda elite econômica dominante.
Passada 1 semana do evento que estive no Rio de Janeiro, promovido pelo Instituto Carioca de Criminologia - ICC, em parceria com a Secretaria de Assuntos Legislativos do Ministério da Justiça, 1ª Conferência Nacional de Segurança Pública (CONSEG) e Núcleo de Estudos de Políticas Públicas em Direitos Humanos (NEPP-UFRJ), cujo o intuito foi debater os “Impasses da Política Criminal Contemporânea”, trouxe a tona as feridas deixadas pela ausência ideológica dos discursos.
A nova onda, salvo alguns teóricos comprometidos integralmente com o debate político e ideológico (corrente da qual me filio), o discurso trazido quando se fala em criminologia, criminalidade, violência, polícia, etc. é o da prevenção por meio do controle, que no meu humilde ponto de vista, não deixa de ser o tradicional paradigma etiológiico que orienta as políticas de segurança Pública, desde a constituição das forças policiais no Brasil. Obviamente que houve a evolução e o requinte das falas, mas a essência permanecem o mesmo.
Citando o exemplo da própria polícia paulista: ela tem sido cotidianamente aclamada pelos teóricos em segurança pública como aquela que tem conseguido reduzir seus índices de criminalidade, qual seja, redução do número de ocorrências criminais - medidas estatisticamente (porém deixando de lado a leitura das cifras ocultas), por outro lado, estatisticas humanitárias apontam a Polícia de SP como a mais violenta do Brasil (quiçá do Mundo), ou seja, é a polícia que mais mata, é a mais repressora (e a mais corrupta também).

PESSOAS, ACORDEM!!! Reparem a lógica do extermínio que estamos legitimando com a falácia discursiva que está se pondo no horizonte como a forma milagrosa para a Segurança Pública do País.
Posso afirmar pela minha breve experiência na organização da 1ª Conferência Nacional de Segurança Pública que esta lógica está imperando nos Discursos e nas Propostas que temos... Tem sido a tônica dos debates e, esclarecidos que somos, temos de colocar nossas vozes dissonantes neste contexto (este é o aspecto que me motiva a continuar na Conferência).
Políticas como estas que vem sendo empreendidas pelas Forças Policiais de Tolerância Zero, Lei e Ordem e a teoria (que pra mim é ideologia, seguindo Loïc Wacquant) das Janelas Quebradas merecem o MEU REPÚDIO!

Assim,
"Segue o relato do Prof. Dr. Pablo Ortellado, da Escola de Artes, Ciências e Humanidades, da Universidade de São Paulo, sobre os acontecimentos de ontem no campus da USP:

Prezados colegas,

Eu nunca utilizei essa lista para outro propósito que não informes sobre o que acontece no CO (transmitindo as pautas antes da reunião e depois enviando relatos). Essa lista esteve desativada desde a última reunião do CO porque o servidor na qual ela estava instalada teve problemas e, com a greve, não podia ser reparado. Dada a urgência dos atuais acontecimentos, consegui resgatar os emails e criar uma lista emergencial em outro servidor. O que os senhores lerão abaixo é um relato em primeira pessoa de um docente que vivenciou os atos de violência que aconteram poucas horas atrás na cidade universitária (e que seguem, no momento em que lhes escrevo – acabo de escutar a explosão de uma bomba). Peço perdão pelo uso desta lista para esse propósito, mas tenho certeza que os senhores perceberão a gravidade do caso.

Hoje, as associações de funcionários, estudantes e professores tinham deliberado por uma manifestação em frente à reitoria. A manifestação, que eu presenciei, foi completamente pacífica. Depois, as organizações de funcionários e estudantes saíram em passeata para o portão 1 para repudiar a presença da polícia do campus. Embora a Adusp não tivesse aderido a essa manifestação, eu, individualmente, a acompanhei para presenciar os fatos que, a essa altura, já se anunciavam. Os estudantes e funcionários chegaram ao portão 1 e ficaram cara a cara com os policiais militares, na altura da avenida Alvarenga. Houve as palavras de ordem usuais dos sindicatos contra a presença da polícia e xingamentos mais ou menos espontâneos por parte dos manifestantes. Estimo cerca de 1200 pessoas nesta manifestação.

Nesta altura, saí da manifestação, porque se iniciava assembléia dos docentes da USP que seria realizada no prédio da História/ Geografia. No decorrer da assembléia, chegaram relatos que a tropa de choque havia agredido os estudantes e funcionários e que se iniciava um tumulto de grandes proporções. A assembléia foi suspensa e saímos para o estacionamento e descemos as escadas que dão para a avenida Luciano Gualberto para ver o que estava acontecendo. Quando chegamos na altura do gramado, havia uma multidão de centenas de pessoas, a maioria estudantes correndo e a tropa de choque avançando e lançando bombas de concusão (falsamente chamadas de “efeito moral” porque soltam estilhaços e machucam bastante) e de gás lacrimogêneo. A multidão subiu
correndo até o prédio da História/ Geografia, onde a assembléia havia sido interrompida e começou a chover bombas no estacionamento e entrada do prédio (mais ou menos em frente à lanchonete e entrada das rampas).

Sentimos um cheiro forte de gás lacrimogêneo e dezenas de nossos colegas começaram a passar mal devido aos efeitos do gás – lembro da professora Graziela, do professor Thomás, do professor Alessandro Soares, do professor Cogiolla, do professor Jorge Machado e da professora Lizete todos com os olhos inchados e vermelhos e tontos pelo efeito do gás. A multidão de cerca de 400 ou 500 pessoas ficou acuada neste edifício cercada pela polícia e 4 helicópteros. O clima era de pânico. Durante cerca de uma hora, pelo menos, se ouviu a explosão de bombas e o cheiro de gás invadia o prédio. Depois de uma tensão que parecia infinita, recebemos notícia que um pequeno grupo havia conseguido conversar com o chefe da tropa e persuadido de recuar. Neste momento, também, os estudantes no meio de um grande tumulto haviam conseguido fazer uma pequena assembléia de umas 200 pessoas (todas as outras dispersas e em pânico) e deliberado descer até o gramado (para fazer uma assembléia mais organizada). Neste momento, recebi notícia que meu colega Thomás Haddad havia descido até a reitoria para pedir bom senso ao chefe da tropa e foi recebido com gás de pimenta e passava muito mal. Ele estava na sede da Adusp se recuperando.

Durante a espera infinita no pátio da História, os relatos de agressões se multiplicavam. Escutei que a diretoria do Sintusp foi presa de maneira completamente arbitrária e vi vários estudantes que tinham sido espancados ou se machucado com as bombas de concusão (inclusive meu colega, professor Jorge Machado).

Escutei relato de pelo menos três professores que tentaram mediar o conflito e foram agredidos. Na sede da Adusp, soube, por meio do relato de uma professora da TO que chegou cedo ao hospital que pelo menos dois
estudantes e um funcionário haviam sido feridos. Dois colegas subiram lá agora há pouco (por volta das 7 e meia) e tiveram a entrada barrada – os seguranças não deixavam ninguém entrar e nenhum funcionário podia dar qualquer informação. Uma outra delegação de professores foi ao 93o DP para ver quantas pessoas haviam sido presas. A informação incompleta que recebo até agora é que dois funcionários do Sintusp foram presos – mas escutei relatos de primeira pessoa de que haveria mais presos.

A situação, agora, é de aparente tranquilidade. Há uma assembléia de professores que se reuniu novamente na História e estou indo para lá. A situação é gravíssima. Hoje me envergonho da nossa universidade ser dirigida por uma reitora que, alertada dos riscos (eu mesmo a alertei em reunião na última sexta-feira), autorizou que essa barbárie acontecesse num campus universitário.
Estou cercado de colegas que estão chocados com a omissão da reitora. Na minha opinião, se a comunidade acadêmica não se mobilizar diante desses fatos gravíssimos, que atentam contra o diálogo, o bom senso e a liberdade de pensamento e ação, não sei mais. Por favor, se acharem necessário, reenviem esse relato a quem julgarem que é conveniente.

Cordialmente,
Prof. Dr. Pablo Ortellado
Escola de Artes, Ciências e Humanidades
Universidade de São Paulo

Abraços, Dani Felix

quarta-feira, 10 de junho de 2009

Memórias Memoráveis!!!

Como não poderia faltar!
Memória do Seminário do Instituto Carioca de Criminologia, diretamente do Rio de Janeiro... Vera Regina Pereira de Andrade segurando a mão do "Mestre"!
Ou pelo menos, do sósia do Mestre Alessandro Baratta.
Pasmem! O Othon - fundador da rede hoteleira, que está na pintura, é uma versão aristocrática de "Sandro", como assim é chamado pelos seus saudosos Orientandos.
Não preciso dizer que o quadro se tornou uma "entidade" no evento... Risos!



No site a atualização da Biblioteca!
Acessem: www.danielafelix.com.br

Aproveito para reforçar o agradecimento aos Autores pelos presentes...
são os livros de cabeceira da semana! (ou do mês!!! Brincadeira!)
Ambas as leituras são importantíssimas e, após, farei minhas considerações!


PELA CRIAÇÃO DA DEFENSORIA PÚBLICA NO ESTADO DE SANTA CATARINA
*Associação de Juízes para a Democracia promove:

2º Encontro Institucional pela Criação da Defensoria de SC
Informações: http://ajd-sc.blogspot.com

*Dia: 18 de junho de 2009
*Hora: 9h às 18h
*Local: Auditório da JFSC



Beijos a tod@s!

segunda-feira, 8 de junho de 2009

Conversas Cruzadas de 26 maio 09

Pesso@l!
O trabalho é árduo, mas consegui particionar o vídeo, serão 6 capítulos, pois no youtube só é permitido filmes até 10 minutos.
Ainda não terminei o processo, pois é lento.
Da mesma forma, não colocarei aqui no blog todos. Quem quiser e tiver tempo (são 53 min de programa) acessa por este link ou pelos meus vídeos baixados (danifelix73).
Não peço que divulguem, pois acho que não fiquei bem na foto!!! Risos!

*Parte 1*
Programa Conversas Cruzadas - TV COM SC (Canal 36 NET/SC) Apresentação - 26 maio 2009 Tema: "1ª Conferência Nacional de Segurança Pública e a Criminalidade" - Conf. Livre Preparatória Municipal de São José - SC. Apresentador: Renato Igor Convidados: EDSON SOUZA (Coronel da PMSC e Secretário de Segurança e Defesa do Cidadão de São José/SC), RUBENS R. R. CASARA (Juiz de Direito do TJRJ - 2ª Vara Criminal de Campo Grande, Mestre e Doutorando em Direito pela UCAM) e DANIELA FELIX TEIXEIRA (Advogada OAB/SC, Mestranda em Direito CPGD/UFSC, Membro da Comissão Organizadora Estadual de SC da 1ª CONSEG)

Um beijo,
Dani

domingo, 7 de junho de 2009

O Rio de Janeiro continua lindo...

Cidade Maravilhosa - Junho de 2009

Voltar pra casa...

Bom... mal cheguei e já estou escrevendo algumas linhas sobre os Doces Dias na Cidade Maravilhosa e das saudades que sentirei!
Digo que estes 5 e inesquecíveis dias de estada por lá foram sublimes!
Conheci pessoas maravilhosas, estreitei vínculos com pessoas queridas, presenciei o refinado debate crítico e contraditório, todavia, preocupado com os rumos do direito penal, da criminologia, da segurança e, principalmente, com a efetividade dos Direitos Humanos e Humanitários, porém não de uma forma discursiva, mas a realização concreta dos direitos e garantias fundamentais.
Possível?
Gosto de pensar que sim. E, neste sentido, afirmo o que Eduardo Galeano escreveu sobre o "Direito de Sonhar":

Tente adivinhar como será o mundo depois do ano 2000. Temos apenas uma única certeza: se estivermos vivos, teremos virado gente do século passado. Pior ainda, gente do milênio passado.

Sonhar não faz parte dos trinta direitos humanos que as Nações Unidas proclamaram no final de 1948. Mas, se não fosse por causa do direito de sonhar e pela água que dele jorra, a maior parte dos direitos morreria de sede.

Deliremos, pois, por um instante. O mundo, que hoje está de pernas para o ar, vai ter de novo os pés no chão.

Nas ruas e avenidas, carros vão ser atropelados por cachorros.

O ar será puro, sem o veneno dos canos de descarga, e vai existir apenas a contaminação que emana dos medos humanos e das humanas paixões.

O povo não será guiado pelos carros, nem programado pelo computador, nem comprado pelo supermercado, nem visto pela TV.

A TV vai deixar de ser o mais importante membro da família, para ser tratada como um ferro de passar ou uma máquina de lavar roupas.

Vamos trabalhar para viver, em vez de viver para trabalhar.

Em nenhum país do mundo os jovens vão ser presos por contestar o serviço militar. Serão encarcerados apenas os quiserem se alistar.

Os economistas não chamarão de nível de vida o nível de consumo, nem de qualidade de vida a quantidade de coisas.

Os cozinheiros não vão mais acreditar que as lagostas gostam de ser servidas vivas.

Os historiadores não vão mais acreditar que os países gostem de ser invadidos.

Os políticos não vão mais acreditar que os pobres gostem de encher a barriga de promessas.

O mundo não vai estar mais em guerra contra os pobres, mas contra a pobreza. E a indústria militar não vai ter outra saída senão declarar falência, para sempre.

Ninguém vai morrer de fome, porque não haverá ninguém morrendo de indigestão.

Os meninos de rua não vão ser tratados como se fossem lixo, porque não vão existir meninos de rua.

Os meninos ricos não vão ser tratados como se fossem dinheiro, porque não vão existir meninos ricos.

A educação não vai ser um privilégio de quem pode pagar por ela.

A polícia não vai ser a maldição de quem não pode comprá-la.

Justiça e liberdade, gêmeas siamesas condenadas a viver separadas, vão estar de novo unidas, bem juntinhas, ombro a ombro.

Uma mulher - negra - vai ser presidente do Brasil, e outra - negra - vai ser presidente dos Estados Unidos. Uma mulher indígena vai governar a Guatemala e outra, o Peru.

Na Argentina, as loucas da Praça de Maio vão virar exemplo de sanidade mental, porque se negaram a esquecer, em tempos de amnésia obrigatória.

A Santa Madre Igreja vai corrigir alguns erros das Tábuas de Moisés. O sexto mandamento vai ordenar: "Festejarás o corpo". E o nono, que desconfia do desejo, vai declará-lo sacro.

A Igreja vai ditar ainda um décimo-primeiro mandamento, do qual o Senhor se esqueceu: "Amarás a natureza, da qual fazes parte".

Todos os penitentes vão virar celebrantes, e não vai haver noite que não seja vivida como se fosse a última, nem dia que não seja vivido como se fosse o primeiro

Reafirmo que a construção de "um outro mundo é possível".
Bom, Amig@s Cariocas, Mineiros, Gaúchos, Paranaenses, Catarinas, Brasilienses e de tantas outras naturalidades, digo que eventos como o que presenciamos devem pautar nossas vidas, pois é neste convívio que temos possibilidades de conviver e compartilhar teorias, bibliografias, biografias, casos práticos e, acho que o que mais necessitamos, o desabafo a quem compreenda das dores e pedras do trilhar criminológico crítico.
Venho sempre reafirmando como sendo um dos principais ganhos da 1ª Conf. Nacional de Segurança Pública o caráter construtivo das redes sociais e de informações, os vínculos de afeto que se estabelecem pelas afinidades encotradas no caminhar do processo, muito embora este encontro do ICC não esteja vinculado diretamente na Conferência e, sim, compreende-se no universo, justamente neste ano de debates intensos.
Erros, acertos, equívocos, certezas? Não sei. Meu processo de assimilação virá no cotidiano , nas vivências e nas leituras diferentes que pude abstrair dos discursos.

Aos Queridíssimos Autores, Rubens Casara e Virgílio de Mattos, que me presentearam com exemplares da suas obras científicas, além do agradecê-los, informo que ambos os livros estão na cabeceira.
Após, conversaremos! CLARO! Irei certamente importuná-los via e-mail com minhas dúvidas e debates, não se preocupem!

Observações:
*No decorrer da semana trago as surpresas em agradecimento!
*O pôr do sol foi uma alegria da nostálgica volta para casa. Sempre me vem à cabeça quando estou a caminho de casa aquele pensamento, do qual me foge a autoria, que diz 'que por onde passamos, deixamos um pouco de nós e trazemos um pouco daqueles que estivemos juntos'. É assim que me sinto...
*Tentei colocar o álbum com imagens do Rio, mas acho que não deu muito certo. Amanhã verei o que fazer. Da mesma forma com o programa de entrevistas que foi retirado do youtube, tentarei particionar o arquivo.


Beijos e boas semanas...

Dani Felix - Diretamente dos Mares do Sul!