Episódios análogos fazem parte de nossa história, todavia, estamos diante de um Estado facista, terrorista, autoritário e, seus governantes se revestem discursivamente de um caráter democrático e livre, apoiado pela "mídia gorda" (referência aos Jornalistas da Revista Caros Amigos) e toda elite econômica dominante.
Passada 1 semana do evento que estive no Rio de Janeiro, promovido pelo Instituto Carioca de Criminologia - ICC, em parceria com a Secretaria de Assuntos Legislativos do Ministério da Justiça, 1ª Conferência Nacional de Segurança Pública (CONSEG) e Núcleo de Estudos de Políticas Públicas em Direitos Humanos (NEPP-UFRJ), cujo o intuito foi debater os “Impasses da Política Criminal Contemporânea”, trouxe a tona as feridas deixadas pela ausência ideológica dos discursos.
A nova onda, salvo alguns teóricos comprometidos integralmente com o debate político e ideológico (corrente da qual me filio), o discurso trazido quando se fala em criminologia, criminalidade, violência, polícia, etc. é o da prevenção por meio do controle, que no meu humilde ponto de vista, não deixa de ser o tradicional paradigma etiológiico que orienta as políticas de segurança Pública, desde a constituição das forças policiais no Brasil. Obviamente que houve a evolução e o requinte das falas, mas a essência permanecem o mesmo.
Citando o exemplo da própria polícia paulista: ela tem sido cotidianamente aclamada pelos teóricos em segurança pública como aquela que tem conseguido reduzir seus índices de criminalidade, qual seja, redução do número de ocorrências criminais - medidas estatisticamente (porém deixando de lado a leitura das cifras ocultas), por outro lado, estatisticas humanitárias apontam a Polícia de SP como a mais violenta do Brasil (quiçá do Mundo), ou seja, é a polícia que mais mata, é a mais repressora (e a mais corrupta também).
PESSOAS, ACORDEM!!! Reparem a lógica do extermínio que estamos legitimando com a falácia discursiva que está se pondo no horizonte como a forma milagrosa para a Segurança Pública do País.
Posso afirmar pela minha breve experiência na organização da 1ª Conferência Nacional de Segurança Pública que esta lógica está imperando nos Discursos e nas Propostas que temos... Tem sido a tônica dos debates e, esclarecidos que somos, temos de colocar nossas vozes dissonantes neste contexto (este é o aspecto que me motiva a continuar na Conferência).
Políticas como estas que vem sendo empreendidas pelas Forças Policiais de Tolerância Zero, Lei e Ordem e a teoria (que pra mim é ideologia, seguindo Loïc Wacquant) das Janelas Quebradas merecem o MEU REPÚDIO!
Passada 1 semana do evento que estive no Rio de Janeiro, promovido pelo Instituto Carioca de Criminologia - ICC, em parceria com a Secretaria de Assuntos Legislativos do Ministério da Justiça, 1ª Conferência Nacional de Segurança Pública (CONSEG) e Núcleo de Estudos de Políticas Públicas em Direitos Humanos (NEPP-UFRJ), cujo o intuito foi debater os “Impasses da Política Criminal Contemporânea”, trouxe a tona as feridas deixadas pela ausência ideológica dos discursos.
A nova onda, salvo alguns teóricos comprometidos integralmente com o debate político e ideológico (corrente da qual me filio), o discurso trazido quando se fala em criminologia, criminalidade, violência, polícia, etc. é o da prevenção por meio do controle, que no meu humilde ponto de vista, não deixa de ser o tradicional paradigma etiológiico que orienta as políticas de segurança Pública, desde a constituição das forças policiais no Brasil. Obviamente que houve a evolução e o requinte das falas, mas a essência permanecem o mesmo.
Citando o exemplo da própria polícia paulista: ela tem sido cotidianamente aclamada pelos teóricos em segurança pública como aquela que tem conseguido reduzir seus índices de criminalidade, qual seja, redução do número de ocorrências criminais - medidas estatisticamente (porém deixando de lado a leitura das cifras ocultas), por outro lado, estatisticas humanitárias apontam a Polícia de SP como a mais violenta do Brasil (quiçá do Mundo), ou seja, é a polícia que mais mata, é a mais repressora (e a mais corrupta também).
PESSOAS, ACORDEM!!! Reparem a lógica do extermínio que estamos legitimando com a falácia discursiva que está se pondo no horizonte como a forma milagrosa para a Segurança Pública do País.
Posso afirmar pela minha breve experiência na organização da 1ª Conferência Nacional de Segurança Pública que esta lógica está imperando nos Discursos e nas Propostas que temos... Tem sido a tônica dos debates e, esclarecidos que somos, temos de colocar nossas vozes dissonantes neste contexto (este é o aspecto que me motiva a continuar na Conferência).
Políticas como estas que vem sendo empreendidas pelas Forças Policiais de Tolerância Zero, Lei e Ordem e a teoria (que pra mim é ideologia, seguindo Loïc Wacquant) das Janelas Quebradas merecem o MEU REPÚDIO!
Assim,
"Segue o relato do Prof. Dr. Pablo Ortellado, da Escola de Artes, Ciências e Humanidades, da Universidade de São Paulo, sobre os acontecimentos de ontem no campus da USP:
Prezados colegas,
Eu nunca utilizei essa lista para outro propósito que não informes sobre o que acontece no CO (transmitindo as pautas antes da reunião e depois enviando relatos). Essa lista esteve desativada desde a última reunião do CO porque o servidor na qual ela estava instalada teve problemas e, com a greve, não podia ser reparado. Dada a urgência dos atuais acontecimentos, consegui resgatar os emails e criar uma lista emergencial em outro servidor. O que os senhores lerão abaixo é um relato em primeira pessoa de um docente que vivenciou os atos de violência que aconteram poucas horas atrás na cidade universitária (e que seguem, no momento em que lhes escrevo – acabo de escutar a explosão de uma bomba). Peço perdão pelo uso desta lista para esse propósito, mas tenho certeza que os senhores perceberão a gravidade do caso.
Hoje, as associações de funcionários, estudantes e professores tinham deliberado por uma manifestação em frente à reitoria. A manifestação, que eu presenciei, foi completamente pacífica. Depois, as organizações de funcionários e estudantes saíram em passeata para o portão 1 para repudiar a presença da polícia do campus. Embora a Adusp não tivesse aderido a essa manifestação, eu, individualmente, a acompanhei para presenciar os fatos que, a essa altura, já se anunciavam. Os estudantes e funcionários chegaram ao portão 1 e ficaram cara a cara com os policiais militares, na altura da avenida Alvarenga. Houve as palavras de ordem usuais dos sindicatos contra a presença da polícia e xingamentos mais ou menos espontâneos por parte dos manifestantes. Estimo cerca de 1200 pessoas nesta manifestação.
Nesta altura, saí da manifestação, porque se iniciava assembléia dos docentes da USP que seria realizada no prédio da História/ Geografia. No decorrer da assembléia, chegaram relatos que a tropa de choque havia agredido os estudantes e funcionários e que se iniciava um tumulto de grandes proporções. A assembléia foi suspensa e saímos para o estacionamento e descemos as escadas que dão para a avenida Luciano Gualberto para ver o que estava acontecendo. Quando chegamos na altura do gramado, havia uma multidão de centenas de pessoas, a maioria estudantes correndo e a tropa de choque avançando e lançando bombas de concusão (falsamente chamadas de “efeito moral” porque soltam estilhaços e machucam bastante) e de gás lacrimogêneo. A multidão subiu
correndo até o prédio da História/ Geografia, onde a assembléia havia sido interrompida e começou a chover bombas no estacionamento e entrada do prédio (mais ou menos em frente à lanchonete e entrada das rampas).
Sentimos um cheiro forte de gás lacrimogêneo e dezenas de nossos colegas começaram a passar mal devido aos efeitos do gás – lembro da professora Graziela, do professor Thomás, do professor Alessandro Soares, do professor Cogiolla, do professor Jorge Machado e da professora Lizete todos com os olhos inchados e vermelhos e tontos pelo efeito do gás. A multidão de cerca de 400 ou 500 pessoas ficou acuada neste edifício cercada pela polícia e 4 helicópteros. O clima era de pânico. Durante cerca de uma hora, pelo menos, se ouviu a explosão de bombas e o cheiro de gás invadia o prédio. Depois de uma tensão que parecia infinita, recebemos notícia que um pequeno grupo havia conseguido conversar com o chefe da tropa e persuadido de recuar. Neste momento, também, os estudantes no meio de um grande tumulto haviam conseguido fazer uma pequena assembléia de umas 200 pessoas (todas as outras dispersas e em pânico) e deliberado descer até o gramado (para fazer uma assembléia mais organizada). Neste momento, recebi notícia que meu colega Thomás Haddad havia descido até a reitoria para pedir bom senso ao chefe da tropa e foi recebido com gás de pimenta e passava muito mal. Ele estava na sede da Adusp se recuperando.
Durante a espera infinita no pátio da História, os relatos de agressões se multiplicavam. Escutei que a diretoria do Sintusp foi presa de maneira completamente arbitrária e vi vários estudantes que tinham sido espancados ou se machucado com as bombas de concusão (inclusive meu colega, professor Jorge Machado).
Escutei relato de pelo menos três professores que tentaram mediar o conflito e foram agredidos. Na sede da Adusp, soube, por meio do relato de uma professora da TO que chegou cedo ao hospital que pelo menos dois
estudantes e um funcionário haviam sido feridos. Dois colegas subiram lá agora há pouco (por volta das 7 e meia) e tiveram a entrada barrada – os seguranças não deixavam ninguém entrar e nenhum funcionário podia dar qualquer informação. Uma outra delegação de professores foi ao 93o DP para ver quantas pessoas haviam sido presas. A informação incompleta que recebo até agora é que dois funcionários do Sintusp foram presos – mas escutei relatos de primeira pessoa de que haveria mais presos.
A situação, agora, é de aparente tranquilidade. Há uma assembléia de professores que se reuniu novamente na História e estou indo para lá. A situação é gravíssima. Hoje me envergonho da nossa universidade ser dirigida por uma reitora que, alertada dos riscos (eu mesmo a alertei em reunião na última sexta-feira), autorizou que essa barbárie acontecesse num campus universitário.
Estou cercado de colegas que estão chocados com a omissão da reitora. Na minha opinião, se a comunidade acadêmica não se mobilizar diante desses fatos gravíssimos, que atentam contra o diálogo, o bom senso e a liberdade de pensamento e ação, não sei mais. Por favor, se acharem necessário, reenviem esse relato a quem julgarem que é conveniente.
Cordialmente,
Prof. Dr. Pablo Ortellado
Escola de Artes, Ciências e Humanidades
Universidade de São Paulo
Abraços, Dani Felix
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