quinta-feira, 30 de setembro de 2010

Contra o Golpe civil-militar no Equador!

Divulgo e solidarizo-me.

Todo apoio ao presidente legítimo Rafael Corrêa!
A América Latina não voltará a viver sob o manto das ditaduras!
A solidariedade é a ternura dos povos. 




Estimados companheiros e companheiras,
 
Estamos em um momento delicado na conjuntura latina. Imaginamos que todos/as estejam acompanhando a situação do Equador, com um quadro de Golpe em curso e se confirmando. Temos companheiros/as lá e estamos acompanhando pela TELE SUL e acaba de fazer um pronunciamento Chavez e Evo confirmando que Rafael Corrêa esta preso no Hospital Militar.
Articulações estão sendo feitas, via ALBA Movimentos e no Brasil dialogando com todas as forças políticas e a proposta é articularmos com todos os setores atividades em espaços simbólicos do Equador, Embaixada em Brasília, Consulado em São Paulo e demais espaço. 
A proposta trabalhada é de ATO de SOLIDARIEDADE , combinando ações como pichação, agitação de rua, pronunciamentos em atividades, e tudo mais que possamos articular nesse tempo curto. 
Abaixo uma convocatória da Secretaria da ALBA Movimentos e que nos orienta de maneira geral.
 
AMANHÃ - sexta – faremos um Ato de Solidariedade no Consulado do Equador em SP as 15horas (fica na Rua Funchal, zona sul) Possivelmente teremos a mesma iniciativa em Brasília.

Secretaria OP. Nacional 
Consulta Popular
 
***
Articulación Continental de los Movimientos Sociales hacia Alba
LLAMAMIENTO A LOS MOVIMIENTOS SOCIALES DEL CONTINENTE

São Paulo, 30 de Septiembre de 2010

Hoy 30 de septiembre de 2010, Ecuador despertó con rumores de desestabilización, protagonizada por un sector de la policía nacional que, pretextando reivindicaciones laborales, se han tomado con violencia varios cuarteles policiales, rehusandose a dialogar con el gobierno de la revolución ciudadana que, en su corto periodo de ejercicio ha incrementado los ingresos de este sector hasta por un 89,5%. Levantando consignas de vuelta al pasado este sector.
El Presidente, Rafael Correa, se dirigió hasta el epicentro de esta sublevación e hizo un llamado al dialogo, pero no solo no fue escuchado por este grupo sino que fue cercado y se mantiene en los locales del hospital de la policia, conexo al local ocupado por los sublevados, quienes habrían recibido la orden de no dejar salir al Presidente.
Rechazamos enérgicamente estos intentos de Golpistas.
Apoyamos al pueblo ecuatoriano en sus luchas en defensa del proceso de cambio.
Llamamos a las Organizaciones, Movimientos Sociales y pueblos hermanos a mantenerse alerta y expresar su respaldo al gobierno de la revolución ciudadana y al pueblo ecuatoriano con movilizaciones desde nuestros países en las embajadas y consulados de Ecuador.

Articulación Continental de los Movimientos Sociales hacia el ALBA
P/Secretaría Operativa
Joaquín Piñero

domingo, 26 de setembro de 2010

Discurso do Ministro Celso Amorim na Abertura da 65ª Assembleia Geral da ONU (AGNU)

Esse é um dos Grandes Caras!
Merece todo o meu respeito e admiração!




"Senhor Presidente da Assembleia Geral, Joseph Deiss,
Senhor Secretário-Geral das Nações Unidas, Ban Ki-moon,
Senhoras e Senhores Chefes de Estado e de Governo,
Senhoras e Senhores,

É grande a honra de subir a esta tribuna e falar em nome do povo e do Governo brasileiros. Trago a saudação do Presidente Lula. Dentro de poucos dias, mais de 130 milhões de brasileiros comparecerão às urnas e escreverão mais um importante capítulo da nossa democracia.
Ao longo dos dois mandatos do Presidente Lula, o Brasil mudou. Crescimento econômico sustentado, estabilidade financeira, inclusão social e a plena vigência da democracia conviveram e se reforçaram mutuamente.
Mais de vinte milhões de brasileiros saíram da pobreza e outros tantos da pobreza extrema. Quase trinta milhões de pessoas ingressaram na classe média.
Políticas públicas firmes e transparentes reduziram as desigualdades de renda, de acesso e de oportunidades. Milhões de brasileiros conquistaram dignidade e cidadania. O mercado interno fortalecido nos preservou dos piores efeitos da crise mundial desencadeada pela ciranda financeira nos países mais ricos do Planeta.
O Brasil orgulha-se de já ter cumprido quase todas as metas e de estar a caminho de alcançar, em 2015, todos os Objetivos de Desenvolvimento do Milênio.
A incapacidade de um país, de qualquer país, de alcançar essas metas deve ser encarada como um fracasso de toda a comunidade internacional. A promoção do desenvolvimento é uma responsabilidade coletiva.
O Brasil vem se empenhando em ajudar outros países a replicar experiências bem sucedidas.
Nesses últimos anos, o Brasil moveu-se na cena internacional impulsionado pelo sentido de solidariedade. Temos a convicção de que é possível fazer política externa com humanismo, sem perder de vista o interesse nacional.
Essa política é amparada por iniciativas de cooperação Sul-Sul. O Fundo de Alívio à Pobreza do IBAS, foro que congrega Índia, Brasil e África do Sul, financia projetos no Haiti, Guiné Bissau, Cabo Verde, Palestina, Camboja, Burundi, Laos e Serra Leoa.
O Brasil aumentou substancialmente sua ajuda humanitária e multiplicou os projetos de cooperação com países mais pobres.
A África ocupa um lugar muito especial na diplomacia brasileira. Desde a sua posse, o Presidente Lula foi à África onze vezes. Visitou mais de duas dezenas de países.
Implantamos um escritório de pesquisas agrícolas em Gana; uma fazenda-modelo de algodão no Mali; uma fábrica de medicamentos anti-retrovirais em Moçambique; e centros de formação profissional em cinco países africanos.
Com comércio e investimento, estamos ajudando o continente africano a desenvolver sua enorme potencialidade e a diminuir sua dependência de uns poucos centros de poder político e econômico.
O Brasil tem uma preocupação especial com a Guiné Bissau. Não é por meio do isolamento ou do abandono que a comunidade internacional logrará resolver os problemas que ainda persistem naquele país irmão. Precisamos de modalidades mais inteligentes de cooperação, que promovam o desenvolvimento e a estabilidade e incentivem as indispensáveis reformas, sobretudo no que tange às forças armadas.
Neste ano, em que um número significativo de países africanos comemora cinquenta anos de descolonização, o Brasil renova seu compromisso com uma África independente, próspera, justa e democrática.
Em poucas situações a solidariedade internacional é tão necessária quanto no Haiti.
Juntamo-nos à ONU no luto pela tragédia que ceifou centenas de milhares de vidas haitianas. Nós mesmos perdemos brasileiros de grande valor, como a Dra. Zilda Arns – uma mulher que dedicou sua vida aos pobres, especialmente às crianças –, Luiz Carlos da Costa, Chefe-Adjunto da MINUSTAH, além de dezoito de nossos militares.
Queremos expressar nossa compaixão pelo sofrimento do povo haitiano e, acima de tudo, nossa admiração pelo estoicismo e coragem com que tem sabido enfrentar a adversidade.
Os haitianos sabem que podem contar com o Brasil, não só para a manutenção da ordem e a defesa da democracia, mas também para o seu desenvolvimento. Estamos realizando o que prometemos e estamos vigilantes para que os compromissos da comunidade internacional não se esgotem em manifestações retóricas.
Nos últimos anos, o Governo brasileiro investiu muito na integração e na paz da América do Sul. Fortalecemos nossa parceria estratégica com a Argentina. Aprofundamos o Mercosul, inclusive com mecanismos financeiros únicos entre países em desenvolvimento.
A fundação da UNASUL -- União de Nações Sul-americanas – teve como objetivo consolidar uma genuína zona de paz e de prosperidade. A UNASUL já demonstrou seu valor na promoção do entendimento e da solução pacífica de conflitos entre países sul-americanos e no interior desses países. A UNASUL tornou ainda menos justificável qualquer tipo de ingerência externa.
Com a criação da Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos, lançada na Bahia e confirmada em Cancún, reafirmamos a vontade regional de ampliar para a América Central e Caribe o espírito integracionista que anima os sul-americanos.
O Brasil reitera seu repúdio – que é de todos os latino-americanos e caribenhos – ao ilegítimo bloqueio a Cuba, cujo único resultado tem sido o de prejudicar milhões de cubanos em sua luta pelo desenvolvimento.
Condenamos retrocessos antidemocráticos, como o golpe de Estado em Honduras. O regresso do ex-Presidente Zelaya sem ameaças à sua liberdade é indispensável para a normalização plena das relações de Honduras com o conjunto da região.
Quando o Presidente Lula subiu a esta tribuna pela primeira vez, em 2003, o mundo vivia sob a sombra da invasão do Iraque.
Esperamos que tenhamos aprendido as lições daquele episódio. É preciso rejeitar a fé cega em relatórios de inteligência feitos sob medida para justificar objetivos políticos. É preciso banir, de uma vez por todas, o uso da força sem amparo no Direito Internacional. Mais do que isso: é fundamental valorizar o diálogo e as soluções pacíficas para as controvérsias.
Para alcançarmos um mundo verdadeiramente seguro, é preciso que seja cumprida a promessa da eliminação total das armas nucleares. Cortes unilaterais são bem-vindos, mas insuficientes, sobretudo quando ocorrem em paralelo à modernização dos arsenais atômicos.
Como o Presidente Lula costuma dizer, o multilateralismo é a face internacional da democracia. E a ONU deve ser o principal centro de decisões para a política internacional.
As mudanças que se têm operado no mundo ao longo das últimas décadas e a sucessão de crises que temos vivido no que toca à segurança alimentar, à mudança do clima, ao campo econômico e financeiro, e às áreas de paz e segurança tornam urgente redefinir as regras que organizam o convívio internacional.
A crise financeira de 2008 precipitou mudanças na governança econômica global. O G-20 tomou o lugar do G-8 como principal foro de deliberação sobre temas econômicos.
O G-20 significou uma evolução. Mas o Grupo deve sofrer ajustes, por exemplo, para garantir maior presença africana. O G-20 só preservará sua relevância e legitimidade se souber manter diálogo franco e permanente com o conjunto das nações representadas nesta Assembleia Geral.
No auge da crise, conseguimos evitar o pior: um surto protecionista descontrolado, que teria lançado o mundo em uma depressão profunda. Mas os países desenvolvidos não têm demonstrado o necessário compromisso com a estabilidade econômica global. Continuam privilegiando uma lógica baseada em interesses paroquiais.
Em nenhuma outra área isso é tão evidente quanto na Rodada Doha da OMC. Uma solução equilibrada desse processo, que se estende por quase dez anos, favoreceria, com o fim dos subsídios distorcivos e das barreiras protecionistas, a expansão econômica e o desenvolvimento nos países mais pobres. Afinal, são estes as principais vítimas da visão estreita e mesquinha que ainda prevalece em relação ao comércio internacional.
Na área financeira, as reformas tampouco foram suficientes. Resistências injustificadas impedem que mudanças já acordadas sejam concretizadas. A obstinação em manter privilégios anacrônicos perpetua e aprofunda a falta de legitimidade das instituições.
Outro grande desafio é o de alcançar um acordo global, abrangente e ambicioso sobre a mudança do clima.
Para avançar nessa matéria, é preciso que os países deixem de se esconder uns atrás dos outros. O Brasil, como outros países em desenvolvimento, fez a sua parte. Mas, em Copenhague, várias delegações, sobretudo do mundo rico, procuraram justificativas para se esquivarem de suas obrigações morais e políticas. Esqueceram-se de que com a natureza não se negocia.
Um resultado positivo na COP-16, com progressos reais em florestas, financiamento para adaptação e mitigação e a reafirmação dos compromissos de Quioto, é imprescindível. A presidência mexicana pode contar com o engajamento do Brasil.
Em 2012, organizaremos no Rio de Janeiro a Rio+20. Em nome do Governo brasileiro, renovo o convite a todos, para realizarmos a promessa de um desenvolvimento verdadeiramente sustentável.
Senhor Presidente,
A reforma da governança global ainda não alcançou o campo da paz e da segurança internacionais. Nas esferas econômica e ambiental as nações mais ricas já compreenderam que não podem prescindir da cooperação dos países pobres e dos emergentes. Mas, quando se trata de assuntos da guerra e da paz, as potências tradicionais relutam em compartilhar o poder.
O Conselho de Segurança deve ser reformado, de modo a incluir maior participação dos países em desenvolvimento, inclusive entre seus membros permanentes.
Não é possível continuar com métodos de trabalho pouco transparentes, que permitem aos membros permanentes discutirem, a portas fechadas e pelo tempo que desejarem, assuntos que interessam a toda a Humanidade.
O Brasil tem procurado corresponder ao que se espera de um membro do Conselho de Segurança, mesmo não-permanente, que é contribuir para a paz. Por essa razão, nos empenhamos em encontrar um instrumento que pudesse representar avanço para a solução do dossiê nuclear iraniano.
Ao fazê-lo, nos baseamos em propostas apresentadas como “oportunidade ímpar” para criar confiança entre as partes. A Declaração de Teerã de 17 de maio, firmada por Brasil, Turquia e Irã, removeu obstáculos que, segundo os próprios autores daquelas propostas, impediam que se chegasse a um acordo.
A Declaração de Teerã não esgota a matéria. Nem foi essa a intenção. Estamos convictos de que, uma vez de volta à mesa de negociações, as partes encontrarão formas de resolver outros problemas, como o enriquecimento a 20% e o estoque de urânio enriquecido acumulado desde outubro de 2009.
A despeito das sanções, ainda temos esperança de que a lógica do diálogo e do entendimento prevaleça.
O mundo não pode se permitir o risco de um novo conflito como o do Iraque. Por isso temos insistido com o Governo do Irã que mantenha uma atitude flexível e de abertura às negociações. É preciso que todos os envolvidos revelem essa disposição.
Seguimos com atenção os desdobramentos no processo de paz no Oriente Médio. Esperamos que o diálogo direto entre palestinos e israelenses, lançado no início deste mês, leve a avanços concretos, que resultem na criação de um Estado Palestino nas fronteiras anteriores a 1967. Um Estado que assegure ao povo palestino uma vida digna, coexistindo, lado a lado e pacificamente, com o Estado de Israel.
Mas não é a forma do diálogo que determinará se haverá resultados. O que importa é o ânimo das partes de chegar a uma paz justa e duradoura. Isto será mais fácil com o envolvimento de todos os interessados.
O congelamento de construções em assentamentos nos territórios ocupados, o levantamento do bloqueio à Faixa de Gaza e o fim de ataques a populações civis são elementos fundamentais neste processo.
Na visita que fez a Israel, à Palestina e à Jordânia, em março, o Presidente Lula discutiu esses temas com governantes e com representantes da sociedade civil. Recebemos em Brasília, com frequência, dirigentes de diversos países da região, que buscam apoio para a solução dos problemas que os afligem há tantas décadas e que não têm sido resolvidos pelos meios e atores tradicionais.
O Brasil, que tem cerca de dez milhões de descendentes de árabes e uma comunidade judaica convivendo em harmonia, não se furtará a dar sua contribuição para a Paz a que todos anseiam.
Temos um compromisso inabalável com a promoção dos Direitos Humanos.
Favorecemos um tratamento não-seletivo, objetivo e multilateral dos direitos humanos. Um tratamento sem politização ou parcialidade, em que todos – ricos ou pobres, poderosos ou fracos – estejam sujeitos ao mesmo escrutínio.
Na nossa visão, o diálogo e a cooperação são mais efetivos para assegurar o exercício dos Direitos Humanos do que a arrogância baseada em uma suposta superioridade moral auto-conferida.
Senhor Presidente,
Nos oito anos do Governo Lula, o Brasil desenvolveu uma diplomacia independente, sem subserviências e respeitosa de seus vizinhos e parceiros. Uma diplomacia inovadora, mas que não se afasta dos valores fundamentais da nação brasileira – a paz, o pluralismo, a tolerância e a solidariedade.
Assim como o Brasil mudou, e continuará a mudar, o mundo se está transformando. É preciso aprofundar e acelerar essas mudanças.
Com os avanços tecnológicos e a riqueza acumulada, não há mais lugar para a fome, a pobreza e as epidemias que podem ser evitadas. Não podemos mais conviver com a discriminação, a injustiça e o autoritarismo. Temos que enfrentar os desafios do desarmamento nuclear, do desenvolvimento sustentável e de um comércio mais livre e mais justo.
Estejam certos: o Brasil continuará lutando para fazer desses ideais uma realidade.
Muito obrigado.

Pior do que está fica

recebi na lista da RENAP e socializo aqui esta bela reflexão sobre a banalização do voto e os perigos das formações de massas de manobras.


 FERNANDA TORRES






A indiferença, na figura do voto nulo, é compreensível; grave mesmo é a descrença de quem dá poder ao Tiririca


HÁ ALGUM TEMPO, passei as festas de fim de ano no litoral sul do Rio de Janeiro. No dia de voltar, acordei com a notícia de que um conflito entre traficantes rivais havia fechado as vias de acesso à capital. O noticiário aconselhava a população a não retornar para casa.
Foi em uma peça baseada no livro de Luiz Eduardo Soares, secretário de Segurança na época do fatídico Réveillon, que fui apresentada à suposta gravidade maquiavélica dos bastidores daquela ação.
Não sei o quanto "Tropa de Elite 2" vai se basear no que assisti em cena. Segundo a ficção teatral, o personagem de Luiz Eduardo ordenou a ocupação da rendosa favela da Rocinha pelo Bope.
Para tirá-lo de lá, a própria chefia da polícia provocou uma guerra entre facções contrárias na região metropolitana do Grande Rio, obrigando a tropa de choque a se retirar do morro da zona sul para controlar a violência na periferia.
Sem a presença do Bope, o tráfico se restabeleceu na Rocinha e, junto com ele, o esquema de propina das delegacias cariocas. Existia fundamento naquela barbárie.
Toda vez que um pleito se aproxima, o Rio de Janeiro sofre uma abrupta onda de cólera e irracionalidade. Neste ano não foi diferente.
Arrastões e ataques de porte a postos policiais voltaram a nos deixar de orelha em pé.
Quando assisti as imagens da troca de tiros e granadas entre um bonde de mercenários ligados ao traficante Nem e policiais ação que culminou com a invasão do Hotel Intercontinental em São Conrado lembrei do incidente do Bope e me perguntei se não havia motivação política por trás da bestialidade.
O Rio deve reeleger um governo cujo secretário de segurança, José Mariano Beltrame, reduziu o território sob controle de traficantes armados.
Semear o pânico, entre outras utilidades, exibe poder, diminui os feitos do opositor, ou os liquida com simples atentados.
Marcelo Freixo, deputado empenhado na luta contra a insanidade bélica do Rio de Janeiro, tem grandes chances de não se reeleger.
Se isso acontecer, perderá a proteção oficial que já desbaratou cinco tentativas de assassinato contra ele e terá que deixar o país.
Já Tiririca será eleito com mais de 1 milhão de votos e ainda propiciará ao seu partido emplacar seis outros candidatos.
Tiririca é uma piada niilista do eleitor, é como votar no Macaco Tião. A diferença é que o Macaco Tião valia como voto nulo.
Tiririca, não. Esse vai bater ponto no Congresso sem compreender, como confessa, sua função de deputado. Tiririca e a Mulher Pêra, ambos, e muitos outros, servirão de massa de manobra para interesses que não dominam, enquanto Freixo é despachado para a fronteira mais próxima na clandestinidade.
A indiferença, na figura do voto nulo, é a maneira mais eficaz de evitar a angústia e se eximir da culpa da responsabilidade. É compreensível.
Grave mesmo é a descrença de quem dá poder ao Tiririca.
Pior que está fica.

FERNANDA TORRES é atriz


Folha de São Paulo, de 26 de setembro de 2010.
Fonte: http://www1.folha.uol.com.br/fsp/poder/po2609201013.htm

quarta-feira, 22 de setembro de 2010

Reforma agrária e limitação da propriedade: requisitos para justiça no campo


Entrevista especial com Jacques Alfonsin
Jacques Távora Alfonsin é advogado do MST e procurador aposentado do Estado do Rio Grande do Sul. É mestre em Direito, pela Unisinos, onde também foi professor. É membro da ONG Acesso, Cidadania e Direitos Humanos e publica, periodicamente, seus artigos nas Notícias do Dia na página do IHU.
Fonte: Revista Digital de Direito Agrário, em 22 de setembro de 2010.

Vantagens sociais, políticas e econômicas para a produção agrícola. Esses seriam os pontos positivos trazidos pela reforma agrária no Brasil, junto da limitação da propriedade da rural. “Não havendo limite para a expansão da propriedade da terra, não há limite, igualmente, para o crescimento da pobreza da população sem terra”, acrescentou o advogado Jacques Alfonsin na entrevista que concedeu à IHU On-Line por e-mail. Além disso, caso essa limitação não seja colocada em prática, a reforma agrária não passará de uma “mera” hipótese.
Ele analisou, também, os efeitos perversos que a mercantilização da terra provoca em nosso meio-ambiente, destacando que jamais o latifúndio tomou em conta “que, além da relação de pertença do proprietário com o seu bem, o direito de propriedade da terra tem de respeitar o seu destino”.
Segundo Alfonsin, há uma desproporção entre as benesses oferecidas pelo Poder Público ao agronegócio, sobretudo ao exportador, comparativamente àquelas destinadas à agricultura familiar. Tal postura reflete uma opção política que “se assemelha ao velho e perverso modelo colonizador que nos oprimiu no passado e ainda deita suas raízes nos dias de hoje”.

IHU On-Line – Qual é o contexto histórico do surgimento da propriedade privada da terra?
Jacques Alfonsin – Como o ordenamento jurídico brasileiro ainda conserva muito da sua principal fonte histórica e mais remota, que é a do Direito Romano, o surgimento da propriedade privada da terra também guarda afinidade com o tratamento jurídico que aquele Direito dava a esse mesmo bem. Lá, o direito de usar e abusar da terra, “contanto que a razão e o direito permitissem”, desdobrou-se na história, de regra, muito sem razão e pouco ou quase nada de justiça. Cícero, à época em que vigia tal direito, já denunciava os efeitos nefastos que ele geraria.
Para ele, a propriedade privada da terra somente poderia ser respeitada no que bastasse ao trabalho e ao consumo dos seus proprietários. Esse tipo de crítica, além de antecipar, em séculos, a racionalidade e a conveniência do plebiscito agora em campanha no nosso país, constitui evidente censura às características opressoras que o sistema capitalista impôs, mais tarde, e que ainda está em vigor hoje, como se refletisse um processo civilizatório superior e mais humano. O sentido de propriedade privada, então, não seria igual ao da propriedade particular, somente, como hoje conhecemos. Mas seria, isto sim, o de privada de outra serventia, isto é, de que ela não deveria ultrapassar a medida indispensável à satisfação das necessidades vitais das pessoas proprietárias. Isso demonstra que o supérfluo e tudo o que excedesse tal medida, já requereria outro tratamento jurídico.
Não é de se duvidar que tal concepção de direito tenha influenciado Proudhon e Rousseau (Cf.: O que é a propriedade? e Discurso sobre a origem e os fundamentos da desigualdade entre os homens, respectivamente). O primeiro, quando afirmou que, assim como a terra, também a água, o ar e a luz são coisas comuns não porque inextinguíveis, mas porque indispensáveis. O segundo, quando bradou, referindo-se a quem contrariasse o primeiro homem que, cercando um terreno, falou “isto é meu”: “Quantos crimes, guerras, assassínios, quantas misérias não teria poupado ao gênero humano aquele que, arrancando as estacas ou enchendo o fosso, houvesse gritado aos seus semelhantes: Evitais ouvir esse impostor. Estareis perdidos se esquecerdes que os frutos são de todos e que a terra não é de ninguém”. Esse “ninguém”, à luz do Direito Moderno, bem poderia ser traduzido como “comum”.

IHU On-Line – Qual é a necessidade e a importância de se estabelecer um limite para a propriedade da terra?

Jacques Alfonsin – A necessidade deriva dos efeitos que um direito com potencial de expansão ilimitada pode causar ao povo e à terra. Ao primeiro, pelo fato de que, com a concentração progressiva da propriedade individual sobre esse bem da vida, o seu poder de exclusão diminui progressivamente também a disponibilidade de espaço-terra para a presente e para as futuras gerações. À segunda, pelos danos que a sua exploração predatória já causou, causa e ainda causará ao meio-ambiente, à biodiversidade que a natureza criou em favor do ar, das águas, da flora e da fauna. Daí a importância de se estabelecer um limite para esse poder expansionista e de exclusão que o direito de propriedade tem, por sua própria natureza, não prosseguir escravizando terra e gente.

IHU On-Line – Limitar a propriedade da terra seria um elemento importante para promover a reforma agrária brasileira? Por quê?
Jacques Alfonsin – Sem o estabelecimento de um limite de terra titulada por domínio particular, a reforma agrária tende a se perpetuar, seja como mera hipótese (como já está acontecendo atualmente, tão modestos são os seus resultados), seja como solução efetiva para o problema da mais justa partilha da terra. Não adianta essa reforma se preocupar apenas com os efeitos econômicos e sociais de um determinado tipo inadequado de uso e exploração da terra – aquele que o latifúndio desenvolve, com raras exceções, por exemplo – sem que as causas dessa forma de extensão do espaço físico territorial que ela comporta fiquem imunes à utilidade social e à vigilância pública indispensáveis às garantias devidas, de forma particular, aos direitos humanos fundamentais de alimentação e moradia para todo o povo. Entre tais causas se encontra, justamente, a licença legal indiscriminada concedida a quem, por sua fortuna, não considere nenhum limite legal para aquela extensão.

IHU On-Line – O que mudaria no mapa da produção agrícola brasileira com a limitação da propriedade da terra?

Jacques Alfonsin – A produção agrícola receberia vantagens sociais, políticas, e econômicas. Sociais, porque facilitaria o acesso das pessoas pobres à terra, coisa que, de regra, somente acontece com quem, por já ser proprietário de terra, tem crédito facilitado, dinheiro e, consequentemente, poder de estender a sujeição do seu direito (!) a mais terra; políticas, porque o território do país, melhor partilhado e distribuído entre seus próprios filhos e filhas, teria mais chance de resistir à verdadeira desterritorialização que está sofrendo com o avanço das empresas transnacionais sobre ele, interessadas apenas na terra enquanto mercadoria; econômicas, porque a mudança do destino atualmente prioritário que nossa terra dá ao agronegócio exportador – que prefere mandar para fora daqui o fruto da terra que falta à grande parte do nosso povo – abriria maior possibilidade de um consumo de massa, acessível à maioria, ampliando a tendência atual de a propriedade familiar rural alimentar o povo.

IHU On-Line – Com tantas terras improdutivas no Brasil, como podemos compreender que ainda existam agricultores que não têm onde plantar e viver?
Jacques Alfonsin – Produtivos ou improdutivos os espaços físicos (terra), eles seriam mais do que suficientes para todos, brasileiros e brasileiras, de modo particular àqueles sem terra. A economia capitalista, todavia, só reconhece a necessidade alheia na medida em que ela possa comprar a sua satisfação. Entre os tipos de economia, há o do sempre mais é o melhor (típico do capitalismo), chamado de crematística (do grego, açambarcamento de riquezas por prazer, puramente especulativo, constituindo reserva de valor, indiferente aos efeitos que isso possa causar) e o do sempre garantir o suficiente para todos os membros da comunidade (típico da economia solidária). Ao primeiro, corresponde o chamado produtivismo, uma espécie de exploração da terra indiferente ao futuro dela, mesmo que esse seja a sua morte. Ao segundo, corresponde a produtividade, ou seja, uma espécie de uso desse bem, que preserve todo o potencial de vida que ele comporta. Esse tipo, como acontece com a palavra solo, também traduz mais adequadamente a etimologia da palavra economia (oikos, do grego, casa; nomos, norma, regra). A gente esquece com facilidade que a própria etimologia da palavra solo traz em si a sua finalidade prioritária. Solo tem a mesma raiz de sola, de sal e de sala, como a nos advertir de que a finalidade primeira de sua posse (não necessariamente propriedade) é a preservação da vida e dos meios para que essa se conserve, como a comida e a casa.

IHU On-Line – Qual é a relação que existe entre a criminalização dos movimentos sociais, como o MST, e a demora na realização da reforma agrária?

Jacques Alfonsin – É princípio elementar de qualquer legislação que a todo o direito corresponde a possibilidade, a garantia de sua defesa. Uma das maiores incongruências que a interpretação dada ao nosso ordenamento jurídico é a de que todos os direitos que a pobreza, por si só, atesta como violados (falta de comida ou de casa para ficar com os exemplos mais visíveis) não são só considerados como infringidos.
Então, o país vive esse paradoxo. Não havendo limite para a expansão da propriedade da terra, não há limite, igualmente, para o crescimento da pobreza da população sem terra, exatamente aquilo que a reforma agrária visa remediar, com base, inclusive, na Constituição Federal. Mesmo que, em desespero, como acontece com agricultores sem terra, sejam forçados a apelar para a justiça de mão própria, ocupando terras, isso lhes é imputado como crime.
Entretanto, a pré-exclusão da ilicitude de tais gestos encontra apoio implícito e explícito em mais de uma disposição do Código Civil e do Código Penal. Eu não tenho conhecimento de que algum latifundiário brasileiro, inclusive grileiro, tenha sido denunciado ou condenado criminalmente, por exemplo, pelo fato de interpretar e praticar a seu modo a justiça de mão própria (!), descumprindo com a obrigação de garantir função social ao seu direito de propriedade sobre terra, quando aberrações como essas, por si sós, constituem crime, no mínimo, contra a preservação do meio-ambiente e a economia popular.

IHU On-Line – Qual a importância da participação popular no plebiscito de setembro?
Jacques Alfonsin – Além da pressão política que o plebiscito deve exercer sobre os poderes públicos, ele pode alcançar outros efeitos nada desprezíveis em favor do povo trabalhador e pobre do nosso país. Primeiro, o de se constituir em mais um fator de conscientização e de organização dos movimentos populares, impulsionando antigas e novas ideias-força em favor de novas conquistas traduzidas em efetivas garantias de seus direitos humanos fundamentais; segundo, provar, mais uma vez e de público, em que medida a economia solidária da propriedade familiar rural é muito mais eficaz em favor da alimentação e da moradia do povo, do que a imposta pelo latifúndio, especialmente o do agronegócio exportador; terceiro, ampliar o empoderamento das reivindicações das populações sem terra, dos pequenos proprietários e proprietárias rurais, das comunidades atingidas por barragens, em favor da reforma agrária, atrasada em décadas pela força contrária da Confederação Nacional da Agricultura – CNA e da bancada ruralista no Congresso Nacional.

IHU On-Line – Há uma expectativa de resultado desse plebiscito?
Jacques Alfonsin – O otimismo das organizações empenhadas no plebiscito é muito grande. Intensificando-se a campanha em favor de mais de um milhão e meio de assinaturas (veja-se como proceder no sítio do Fórum Nacional pela Reforma Agrária e Justiça no Campo – FNRA), durante a primeira semana de setembro, já no dia 7 daquele mês espera-se contar com esse número. Há de se convir que, em ano de eleições, isso não é pouca coisa. A pressão popular em favor daquilo do que hoje já é lei, como a da Ficha Limpa, por exemplo, autoriza esperarem-se resultados semelhantes àquela iniciativa, condizentes com as urgências que o combate à injustiça social reinante no campo está a exigir.

 IHU On-Line – Quais são os maiores disparates na concentração de terras no Brasil?
Jacques Alfonsin – As estatísticas que refletem o último censo agropecuário do país demonstram distorções inaceitáveis e, para nosso pesar, refletindo históricas injustiças. Além dos efeitos perversos que a mercantilização da terra provoca ao meio-ambiente do país, o latifúndio jamais levou em consideração que, além da relação de pertença do proprietário com o seu bem, o direito de propriedade da terra tem de respeitar o seu destino. Se a pertença permite ao titular dela usar e gozar da terra própria, isso não pode ir ao ponto de, pelo destino dado aos seus frutos, tornarem-se nulos todos os efeitos jurídicos que a soberania do povo impõe. A terra não é somente dos proprietários. Como fonte de vida para todos, a desigualdade que impera hoje, medida entre um pequeno número de proprietários (pouco mais de 02 %) titulando mais de 40% do território brasileiro, não só escandaliza como gera em todo o povo sem terra uma justificada indignação ética, por si só legitimadora, até, de desobediência civil.

IHU On-Line – Por que há tanto incentivo ao agronegócio quando a maior parte da produção de alimentos o Brasil é feita pela agricultura familiar?
Jacques Alfonsin – As forças econômicas e políticas que os latifundiários têm, com influência direta sobre o Poder Público e a mídia, criam todo um ambiente ideológico em seu favor, a ponto de neutralizar pressões sociais contrárias que, entretanto, representam o melhor para o povo e a terra. Se a grande propriedade rural não fosse danosa ao povo e à terra, a Constituição Federal não teria previsto um capítulo inteiro dos seus dispositivos dedicados à reforma agrária. Um exemplo do mal que esse tipo de poder e influência tem pode ser dado pelas sucessivas CPMIs que são criadas no Congresso Nacional, as quais, mesmo não obtendo prova das suspeitas que ele levanta contra o MST e as organizações que o apóiam. Ainda que pouco ou nada encontrem de ilicitude nessas iniciativas, obtém os efeitos perversos que as inspiram por que condenam, de fato, toda a rebeldia justificada das populações sem terra, através dos meios de comunicação social que manipulam. A desproporção existente entre as benesses que o Poder Público oferece ao agronegócio, especialmente o exportador, quando comparadas com o que merece a propriedade familiar, sinaliza uma opção política que, guardadas as proporções históricas, se assemelha ao velho e perverso modelo colonizador que nos oprimiu no passado e ainda deita suas raízes nos dias de hoje.

IHU On-Line – Quais são os maiores problemas ligados ao latifúndio?
Jacques Alfonsin – Se não fossem suficientes aqueles já apontados nas respostas às perguntas anteriores, um dos maiores é o da tradição cultural que ele impõe, especialmente ao povo pobre menos conscientizado, sobre a herança escravagista e opressora que marcou a sua implantação no nosso país. A senzala ainda remanesce hoje na forma do trabalho escravo, cuja abolição por sinal, projetada há quase uma década, está barrada no Congresso Nacional, justamente, por ter sido a política dos titulares dessa forma atrasada e cruel de concepção da terra e da gente da terra. Ninguém ignora o fato de que, onde predomina o latifúndio brasileiro, predomina também o atraso, o analfabetismo e a indigência de quantas pessoas nele trabalham ou dele dependem, direta ou indiretamente.

IHU On-Line – O senhor acha a medida de módulos fiscais justa? Por que ela varia tanto de Estado para Estado?
Jacques Alfonsin – Os módulos fiscais não passam de ser a régua física do tamanho mais adequado de uso e exploração da terra. A natureza, justamente por sua biodiversidade, abre um leque incomensurável de possibilidades abertas ao uso mais razoável do solo. Assim, não é possível se comparar a forma topográfica e de clima da serra gaúcha com a da campanha, por exemplo. Tudo bem como o próprio Estatuto da Terra dispôs: uma terra apropriada à produção de hortifrutigranjeiros não pode ter as mesmas características e o mesmo tamanho de uma terra onde se cria o gado. Daí que o Grau de Eficiência na Exploração – GEE, comparado em cada terra rural do país, titulada ou não, como o Grau de Utilização da Terra – GUT, facilita a qualquer agricultor ou criador de gado, usar da melhor forma possível o seu imóvel, inclusive no que se refere à sua produção e função social. Esses graus, como se sabe, estão congelados, no que se refere à sua produtividade, desde a década de 1970 do século passado e, por incrível que possa parecer, a oposição latifundiária encastelada no Congresso Nacional não permite a sua revisão, prevista como devendo ser feita periodicamente no próprio Estatuto da Terra. Tudo deve ficar como está, como se o uso e a exploração da terra, daquele período para cá, não tivesse se beneficiado de todos os progressos agronômicos, de todas as técnicas agrícolas de melhor amanho desse bem. Para quem tanto brada contra as populações sem terra por desobedecerem lei (!) aí está uma prova de que, dependendo do lado desta desobediência, ela deve passar a ser considerada virtude.

segunda-feira, 20 de setembro de 2010

sexta-feira, 17 de setembro de 2010

IMPASSE: o sucesso!

«Impasse» em Florianópolis -fonte: http://passapalavra.info/?p=29139

Mesmo sabendo da imprevisibilidade das coisas, inexplicavelmente existe uma certeza de que estamos trilhando o caminho correto, apesar da jornada ainda ser muito longa e difícil. Por Victor Khaled
Faltam-me palavras para descrever o que aconteceu nesta semana. A vida e as lutas são mesmo pouquíssimo previsíveis, e não há como não se emocionar frente ao turbilhão de coisas que sistematicamente chega para nos surpreender.
Eu, que esperava um semestre muito mais calmo, de reflexão, planejamento e atividades menores, que vão mantendo acesa a chama, já não sei mais o que esperar…
Na segunda-feira, às 22h da noite, recebi uma ligação muito preocupada, alertando que a lei que autoriza uma nova concessão do transporte público para as empresas, por 20 ou 35 anos, seria votada na noite seguinte. A partir dali, toda conjuntura se alterou, e o que parecia ser um desastre para a gente pode vir a ser um elemento fundamental para que a luta do primeiro semestre do ano não se perca.
Foram poucas horas e muito trabalho e improviso para convocar uma reunião e acertar os detalhes do ato na Câmara de Vereadores. Mas, apesar da lei ter sido aprovada, o ato foi um tremendo sucesso: enchemos o plenário, fizemos variadas e criativas intervenções, tivemos uma grande repercussão e fortalecemos nossos ânimos. Éramos cerca de 200 pessoas. Apesar de pouca gente, não é fácil mobilizar assim de um dia para o outro.
Mas o mais impressionante aconteceu na quinta-feira. A estréia do documentário Impasse (veja aqui) reuniu na Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) cerca de 600 pessoas. O auditório estava completamente lotado [apinhado], com muitas pessoas sentadas no chão, ou mesmo de pé, acompanhando o filme. Do lado de fora, no saguão do prédio da Reitoria, um telão exibia o documentário para as centenas de pessoas que não couberam no auditório. E o filme é simplesmente fantástico! Engraçado, muito informativo, sério, bem feito e empolgante. O nosso reencontro, a felicidade em rever as manifestações, relembrar e suscitar a memória do movimento, enfim, tudo parecia mágico e muito emocionante.
Depois da exibição, sem que houvesse qualquer preparação ou planejamento, aquilo que estava na cabeça de todos foi posto em prática. Conversei com algumas pessoas. Alguém tomou a iniciativa de pegar o megafone e organizar uma assembléia na frente do prédio da Reitoria, utilizando o famoso jogral. Eu estava muito nervoso, emocionado, suava e tremia, mas bastante confiante. Após o informe da aprovação da lei e da importância da continuidade da luta e de sua rearticulação, convocando para uma reunião neste sábado, às 14h30, no DCE da UFSC, que pretende dar o primeiro passo para a organização de uma campanha popular em torno do transporte, saímos cerca de 200 pessoas para fazer um pequeno ato, parando a rotatória [rotunda] em frente à Universidade.
A idéia era fazer algo simbólico, parar o trânsito por alguns minutos, elevar os ânimos e marcar presença. Mas, como costuma acontecer nesses casos, ninguém consegue prever nada do que vai acontecer. Aos gritos algumas pessoas chamavam “Beira-Mar! Beira-Mar!”, o que para alguns de nós parecia uma loucura. Mas as pessoas seguiram rumo à Beira-Mar, a principal via da cidade!
Pegando a polícia de surpresa, conseguimos tomar quatro pistas da avenida, parando o trânsito completamente em um de seus sentidos. Foi inacreditável e completamente surpreendente!
Seguindo pela Beira-Mar, apesar de alguns pequenos momentos de tensão, ocupamos o Terminal da Trindade, num clima ótimo, de euforia coletiva. Após uma pequena assembléia, retornamos pela Lauro Linhares para a UFSC, e embora tenham ocorrido alguns choques com a polícia, que mais uma vez invadiu a Universidade, tudo acabou bem.
Esses foram dois dos melhores atos que fizemos neste ano. Confesso que com todo peso, depois de todo sofrimento que passei, estava com saudades disso tudo. E quem não estava?
Eu sei que pode não parecer grande coisa o que estamos fazendo aqui. Não é nada assim tão grandioso, mas sinto um orgulho e felicidade enormes de participar disso tudo. E mesmo sabendo da imprevisibilidade das coisas, inexplicavelmente existe uma certeza de que estamos trilhando o caminho correto, apesar da jornada ainda ser muito longa e difícil.
Mas o mais importante é o quanto isso tudo é incrível!

segunda-feira, 13 de setembro de 2010

IMPASSE: o Documentário!



Você está convidado(a) para o lançamento do documentário Impasse, sobre as manifestações dos estudantes contra o aumento da tarifa do transporte coletivo em Florianópolis.  
Será no dia 16 de setembro, às 19h30min, no auditório da Reitoria da UFSC.
Além de cenas que não foram exibidas em nenhuma tevê, incluindo flagrantes de violência durante os atos públicos ocorridos em maio e junho deste ano, o documentário revela o que pensam usuários, trabalhadores, especialistas e empresários do transporte. Expõe as contradições e as diferenças de posição dos estudantes e dos representantes dos governos municipal e estadual.
Impasse discute ainda questões que se entrelaçam e se completam: Por que a cidade se tornou um símbolo na luta pelo transporte público? O que aconteceu durante a ação da Polícia Militar na Universidade do Estado de Santa Catarina no dia 31 de maio de 2010? Quais são os limites e os direitos dos movimentos sociais na democracia? Quais são os prós e os contras do atual modelo de transporte? Por que a mobilidade urbana é um dos grandes temas do século XXI? Existe, afinal de contas, saída para este impasse?
O documentário, de 80 minutos, é dirigido por Juliana Kroeger e Fernando Evangelista, jornalistas catarinenses com experiência em coberturas de conflitos no Oriente Médio, na África e na Europa. A realização é da produtora Doc Dois.
Mais informações: www.impasse.com.br

Documentários imperdíveis: Justiça e Juízo

Comp@s,
Socializo minhas escavações cibernéticas!
Não deixem de assistir ambos os documentários da Maria Augusta Ramos

Justiça
Parte 1 de 11 (seguir as indicações no prório youtube)

A Justiça no Brasil:
"Justiça", documentário de Maria Augusta Ramos, pousa a câmera onde muitos brasileiros jamais puseram os pés - um Tribunal de Justiça no Rio de Janeiro, acompanhando o cotidiano de alguns personagens. Há os que trabalham ali diariamente (defensores públicos, juízes, promotores) e os que estão de passagem (réus). A câmera é utilizada como um instrumento que enxerga o teatro social, as estruturas de poder - ou seja, aquilo que, em geral, nos é invisível. O desenho da sala, os corredores do fórum, a disposição das pessoas, o discurso, os códigos, as posturas - todos os detalhes visuais e sonoros ganham relevância. Em geral, nosso olhar é formado pela visão do cinema americano, os 'filmes de tribunal'. 'Justiça', sob esse aspecto, é um choque de realidade.

Ficha Técnica: Título Original: Justiça - País de Origem: Brasil - Gênero: Documentário - Tempo de Duração: 107 minutos - Ano de Lançamento: 2004 - Site Oficial: http://www.justicaofilme.com - Estúdio/Distrib.: Mais Filmes - Direção: Maria Augusta Ramos - Elenco: Carlos Eduardo, Elma Lusitano, Suzana, Maria Ignez Kato, Alan Wagner, Geraldo L. M. Prado, Fátima M. Clemente - Crédito & Download: http://cine-anarquia.blogspot.com/200... - Categoria: Educação

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Juízo
Parte 1 de 9 (seguir as indicações no prório youtube)


Juízo acompanha a trajetória de jovens com menos de 18 anos de idade diante da lei. Meninas e meninos pobres entre o instante da prisão e o do julgamento por roubo, tráfico, homicídio.
Como a identificação de jovens infratores é vedada por lei, no filme eles são representados por jovens não-infratores que vivem em condições sociais similares.
Todos os demais personagens de Juízo - juízes, promotores, defensores, agentes do DEGASE, familiares - são pessoas reais filmadas durante as audiências na II Vara da Justiça do Rio de Janeiro e durante visitas ao Instituto Padre Severino, local de reclusão dos menores infratores.
As cenas finais de Juízo revelam as conseqüências de uma sociedade que recomenda "juízo" a seus filhos, mas não o pratica.

Título Original: "Juízo" - País de Origem: Brasil - Gênero: Documentário - Tempo de Duração: 90 minutos - Ano de Lançamento: 2008 - Site Oficial: http://www.juizoofilme.com.br/ - Direção: Maria Augusta Ramos - Elenco: Guaraci de Campos Vianna, Luciana Fiala de Siqueira Carvalho, Alexandra Carvalho Feres, Eliane de Lima Pereira, Renato Lisboa Teixeira Pinto, Patrícia Vilela, Tadeu Valverde, Alessandro Jardim, Daniele Almeida, Guilherme de Carvalho, Ighor dos Santos Villela, Isabela Cristina Durães, Karina Lopes, Maicon da Silva Singh, Marco Aurélio Santana, Wilson dos Santos, DOWNLOAD DO FILME AQUI: http://cine-anarquia.blogspot.com/200... Procuradoria Federal dos Direitos do Cidadão: http://pfdc.pgr.mpf.gov.br/- Categoria: Educação

mais ácido do que nunca!

Comp@s! 
Comprei na semana passada e comecei a leitura. Ácida leitura, mas necessária, como toda a crítica de Bauman.
Depois comento!

(www.livrariacultura.com.br) Neste livro, Bauman analisa algumas questões morais e políticas. Instigado pelas perguntas da jornalista e pesquisadora Citlali Rovirosa-Madrazo, o sociólogo fala, entre outros temas, da crise financeira mundial, do fundamentalismo religioso, e até de fenômenos como a engenharia genética e a clonagem humana. O autor desenha o cenário do mundo e explica como se passa de uma sociedade de produtores para uma de consumidores. Nesse panorama, homens e mulheres, velhos ou jovens, se transformam numa verdadeira raça de devedores.
“O capitalismo, exatamente como os sistemas de números naturais do famoso teorema de Kurt Gödel (embora por razões diversas) não pode ser simultaneamente coerente e completo. Se é coerente com seus princípios, surgem problemas, não pode fazê-lo sem cair na incoerência em relação a seus próprios pressupostos fundamentais.
Muito antes que Gödel redigisse seu teorema, Rosa Luxemburgo já havia escrito seu estudo sobre a ‘acumulação capitalista’, no qual sustentava que esse sistema não pode sobreviver sem as economias ‘não capitalistas’: ele só é capaz de avançar seguindo os próprios princípios se existirem ‘terras virgens’ abertas à expansão e à exploração — embora, ao conquistá-las e explorá-las, ele as prive de sua virgindade pré-capitalista, exaurindo assim as fontes de sua própria alimentação.
Sem meias palavras, o capitalismo é um sistema parasitário. Como todos os parasitas, pode prosperar durante certo período, desde que encontre um organismo ainda não explorado que lhe forneça alimento. Mas não pode fazer isso sem prejudicar o hospedeiro, destruindo assim, cedo ou tarde, as condições de sua prosperidade ou mesmo de sua sobrevivência.
Escrevendo na época do capitalismo ascendente e da conquista territorial, Rosa Luxemburgo não previa nem podia prever que os territórios pré-modernos de continentes exóticos não eram os únicos 'hospedeiros' potenciais, dos quais o capitalismo poderia se nutrir para prolongar a própria existência e gerar uma série de períodos de prosperidade.
Hoje, quase um século depois de Rosa Luxemburgo ter divulgado sua intuição, sabemos que a força do capitalismo está na extraordinária engenhosidade com que as espécies anteriormente exploradas se tornam escassas ou se extinguem. E também no oportunismo e na rapidez, dignos de um vírus, com que se adapta a idiossincrassias de seus novos pastos” - grifo meu
(cópia da citação do Blog Mundo do Livro).

segunda-feira, 6 de setembro de 2010

Minha Dissertação!


Companheir@s,

Compartilho o link da Biblioteca Universitária da UFSC, que disponibiliza a Minha Dissertação de mestrado, defendida em Dezembro de 2009, que passa também a integrar a Biblioteca Virtual de Criminologia que estou construindo na minha página (http://www.danielafelix.com.br - Biblioteca).
@s interessad@s que quiserem ler e comentar, seja pelo blog ou mail, estarei sempre à disposição!


Resumo - A presente Dissertação de Mestrado em Direito do Curso de Pós-Graduação em Direito da Universidade Federal de Santa Catarina, tem como tema principal as Políticas Criminais para segurança pública e intitula-se “CONTROLE PENAL ATUARIAL E PRISÃO CAUTELAR: o modelo de segurança pública no Município de Florianópolis (2004 a 2008)”. Pretende-se com o trabalho a pesquisa qualitativa dos dados constantes nos Registros Carcerários do Presídio Público Masculino de Florianópolis/SC, entre os anos de 2004 a 2008, objetivando traçar o perfil sociológico dos presos daquele espaço-tempo, mapear as condutas típicas cometidas e o tempo médio de encarceramento em regime cautelar, compreendido pelas prisões em flagrante delito, temporária e preventiva. Para tanto, necessário se faz a escolha pelo método de abordagem dedutivo, por via do procedimento monográfico, utilizando-se das técnicas de pesquisa bibliográfica e documental. A dissertação estrutura-se em três capítulos delimitados pelos temas centrais do debate: o modelo atuarial de controle penal, a segurança pública e as prisões cautelares. O Capítulo 1 aborda o que se denomina por modelo atuarial de controle penal, mediante a análise crítica do espaço-tempo do capitalismo globalizado, além das concepções do paradigma etiológico em Criminologia sob a perspectiva do marco teórico da Criminologia crítica. Assim, chega-se às compreensões dos Modelos Atuariais que reduzem a segurança pública em políticas gerenciais de populações consideradas de risco. Já no Capítulo 2 abordam-se as estruturas da Segurança Publica no Brasil, em seus três níveis político-administrativos: Federal, Estaduais (e Distrito Federal) e Municipais, bem como os competentes órgãos que compõem as agências de formais de controle, ainda, verificam-se quais as perspectivas das políticas de segurança apresentadas pelas propostas do Ministério da Justiça. Por fim, no Capítulo 3 se apresentam as amostras dos dados coletados e responde-se a hipótese alavancada pelo projeto, afirmando-se, assim, que as políticas de segurança pública empreendidas pelas suas agências formais de controle, entre os anos de 2004 e 2008, adotaram práticas típicas dos modelos atuariais, centradas, em linhas gerais, no controle de grupos sociais vulneráveis, na criminalidade de rua e na excessiva contenção pelos mecanismos das prisões cautelares, ferindo integralmente o princípio constitucional da presunção de inocência.

Palavras-Chave. Políticas Criminais. Atuarialismo. “Tolerância Zero”. Etiologia. Criminologia Crítica. Segurança pública. Agências formais de controle. Prisões. Prisões Cautelares. Pesquisa Qualitativa.
 

sexta-feira, 3 de setembro de 2010

PUBLICO AQUI para conhecimento e divulgação este mail do Meu Colega Luiz Fernando de Oliveira Carvalho, Advogado da Bancada do PT na Assembléia Legislativa de Santa Catarina. Divulguem se entenderem importante.
Particularmente estou perplexa com a luta anti-PNDH3 deflagrada em “Nome de Cristo”!
Abraços,
Daniela Felix

O Golpe começou

Caros amigos e companheiros, já participei de eleiçõs onde a sujeira o o  mal caratismo e tudo de ruim acontece, mas essa esta eleição de 2010,  pelas suas caracteristicas pode ficar na história do Brasil, pois as forças conservadoras estão usando todas as suas armas para barrar os avanços conseguidos nos ultimos anos.
Não quero entrar no mérito do que foi errado ou certo administrativmente, pois temos que ter a conciência maior do que esta em jogo.
Um companheiro de Jaragua do Sul, me ligou meio que desesperado porque os evangélicos da igreja batista, estariam retirando os adesivos de todos os candidatos do PT, por causa  do posicionamento do Pr. Pascoal Piragnet de Curitiba, onde após a exibição de um vídeo faz um posicionamento contrário ao Partido dos Trabalhadores, informando expulsões, posições fechadas e por fim, pedindo que não se vote em nenhum candidato dessa sigla.
Esse vídeo que tem a clara finalidade de chocar os incautos, é estremamente preconceituoso e claramente não foi produzido pela igreja batista, mas por interessados em difundir o ódio e ideias ultra conservadoras, através de imagens chocantes.
Assim, estou repassando o site onde esta vinculado o depoimento do referido pastor associando o PT a várias atrocidades e posicionamentos erronios, incutindo várias inverdades.
Por isso volto a dizer, muita coisa esta em jogo, não se trata apenas de uma disputa por diferenças administrativas sobre o bolsa familia, mas efetivamente é uma disputa ideológica, onde o jogo é pesado e as consequencias ainda maiores.
Por favor assistam o video postado no site, e tirem vcs mesmos a suas conclusões, pois tudo que foi conseguido pode ser colocado em risco, não é só a disputa eleitoral mas todo um projeto.

LF

quarta-feira, 1 de setembro de 2010

Vitória do combate ao Trabalho Escravo no CNJ


Divido com vocês a alegria das conquistas dos meus PARES!
Grande e Querido Nonnato Masson (eterno [ir]responsável por eu conhecer a RENAP!), Maranhense arretado, que luta pela erradicação do trabalho escravo
Olá companheiros,
quero compartilhar mais vitória da luta pela erradicação do trabalho escravo, desta vez conquistada no CNJ. Hoje o Conselho por unanimidade decidiu que o Tribunal de Justiça do Maranhão terá que apurar em processo administrativo disciplinar a conduta do magistrado Marcelo Testa Baldochi acusado de manter mão de obra escrava em sua fazenda. O Tribunal já tinha arquivado o procedimento. O pedido de Revisão Disciplinar foi protocolado pelo Sindicato dos Servidores da Justiça Estadual do Maranhão – Sindjus e eu  (Nonnato Masson) fiz a sustentação oral no plenário do Conselho representando este sindicato.
Matérias relacionadas ao caso nos links:
http://www.aniballins.com.br/?p=491

http://www.aniballins.com.br/?p=497