segunda-feira, 29 de outubro de 2007

Mapa da Violência 2006 - Os Jovens do Brasil

Bom dia!!!

Floripa, numa segunda chuvosa, depois de uma noite mal-dormida pelas antecipações das preocupações com a quantidade de coisa que tenho por fazer e, além, a clareza suficiente que eu não tenho conseguido por razões pessoais.

Enfim, já sei o que está havendo comigo e, por isso, preciso mudar algumas coisas para dar conta... mas não vou me apavorar, pois não adianta nada.

Como muitos sabem a Criminologia Crítica voltou a fazer parte com toda a intensidade na minha vida, desde que iniciei o Mestrado e a Profa. Vera me acolheu com tamanha generosidade. Desde então tenho me deparado cotidianamente com as maiores crueldades do[s] homem[ns] contra o[s] homem[s]. Como profissional e acadêmica preciso de um pouco de distanciamento afetivo, em que pese me doer profundamente enxergar absurdos e se sentir de mãos [e pés] atados, para "digerir", me apropriar e elaborar meu modo de pensar e agir diante de uma realidade que parece posta e imutável.

Então, como forma de coletivizar o debate e refletir sobre o filme "Tropa de Elite", alvo de uma polêmica jamais vista na história do cinema brasileiro, colaciono logo abaixo duas reportagens sobre estudos da violência. As fontes seguem citadas.

A intenção, além de se demonstrar as estatísticas oficiais, é mostrar a marca da violência nos nossos jovens, homens, vítimas de um extermínio em massa. Este extermínio aos pobres: nas prisões, nos conflitos armados nas favelas, nas overdoses de crack. Por outro lado, a morte também nos estratos médios e altos, seja pelo consumo de álcool, cacaína, ecstasy, potencializado às máquinas cada vez mais potentes.

Muitos são os desdobramentos de discussões do assunto, assim como divergências sobre os pontos de vista, mas os dados nos mostram cruamente o que não queremos ver, o que varremos pra baixo do tapete: nossa violência estrutural.

Nós somos sujeitos deste processo de construção social e a omissão também é uma forma de escolha!

1] 62% dos usuários de droga no Brasil são da classe A

RIO DE JANEIRO (Reuters) - O usuário de drogas no Brasil pertence à classe alta e é de cor branca, apontou uma pesquisa da Fundação Getúlio Vargas (FGV) divulgada nesta quarta-feira em meio à polêmica causada pelo filme "Tropa de Elite", que mostra o perfil de "drogados" na cidade do Rio e a relação entre consumidores e a polícia.
A pesquisa "Estado da Juventude, Drogas, Prisões e Acidentes" feita com base em um estudo do IBGE, de 2003, mostrou que 62 por cento dos usuários de drogas pertencem à classe A --cuja renda familiar supera os 25 salários mínimos ao mês (9,5 mil reais)-- e 85 por cento são de cor branca. Na população total do país, a classe A corresponde apenas a 5,8 por cento, enquanto os brancos são 53 por cento.
"A pesquisa está totalmente consistente com o filme 'Tropa de Elite'. Não foi à toa que houve muita polêmica. A nossa pesquisa poderia se chamar droga de elite porque quem consome drogas no Brasil é um jovem de elite", afirmou a jornalistas o economista Marcelo Neri, responsável pelo levantamento da FGV.
Segundo a pesquisa, 50,7 por cento dos consumidores declarados de drogas no Brasil têm idade entre 20 e 29 anos e 99 por cento são do sexo masculino, embora os homens sejam 49,8 por cento da população total.
O gasto médio dos usuários de maconha, cigarro de maconha, lança perfume e cocaína é de 45,77 reais ao mês.
"Talvez a nossa política de combate ao tráfico de drogas não esteja certa. Ela enfatiza a questão da oferta enquanto que a questão do consumidor não tem tanta atenção conforme alerta o filme 'Tropa de Elite"', acrescentou Neri ao destacar que 80 por cento dos usuários ocupam papel de filhos em suas moradias (ao invés de chefes e cônjuges) contra 26 por cento do total da população.
O filme 'Tropa de Elite', em cartaz em circuito nacional, retrata a participação de jovens universitários do Rio no consumo de drogas e na distribuição de maconha e ainda questiona a contribuição dessa camada social no crescimento da violência na cidade do Rio de Janeiro.
A pesquisa da FGV mostra que 30 por cento dos consumidores de drogas freqüentam a universidade contra 4 por cento do conjunto da população.
A proporção de consumidores que freqüentam escolas ou universidades privadas é mais de três vezes maior do que no conjunto da população.
(Por Rodrigo Viga Gaier)

Terça-feira 23 de Outubro, 2007 5:36 GMT [A pesquisa está disponível no seguinte endereço: http://www3.fgv.br/ibrecps/EDJ/index.htm]

2] Mapa da Violência 2006 - Os Jovens do Brasil
São 43,1 mortes por armas de fogo por 100 mil jovens brasileiros entre 15 e 24 anos de idade, fazendo do Brasil o campeão de mortes de brasileiros nessa faixa etária por armas de fogo entre 65 países comparados. Em Pernambuco, Espírito Santo e Rio de Janeiro, mais da metade das mortes de jovens foram provocadas por homicídio, em 2004. Esses são alguns dos dados do "Mapa da Violência 2006 - Os Jovens do Brasil", estudo realizado pela Organização dos Estados Ibero-Americanos (OEI) e divulgado ontem, dia 16.
O relatório de autoria de Julio Jacobo Waiselfisz traz dados sobre as principais causas de óbitos de jovens brasileiros entre os anos de 1998 e 2004. Segundo a pesquisa, o Brasil apresenta a taxa de 51,7 homicídios por 100 mil jovens, ocupando a terceira posição no ranking de 84 países em que mais jovens morrem por homicídio. Em 1980, essa taxa era de 30 jovens. Nesse mesmo ranking, mas com a população total, o Brasil ocupa a quarta posição, com uma taxa de 27 homicídios por 100 mil habitantes.
Os jovens vitimados em sua maioria são homens - em torno de 93% - e da raça negra, número 85,3% superior ao de homens brancos. As taxas de homicídio de jovens no Brasil são 100 vezes superiores aos de países como Áustria, Japão, Egito ou Luxemburgo.
Em 2004, os acidentes de transporte - representados em sua maioria pelos acidentes de trânsito - vitimaram 8.010 jovens. As maiores taxas foram encontradas em Tocantins, Mato Grosso e Santa Catarina. Os homens novamente são as principais vítimas e as mortes acontecem principalmente aos finais de semana.
Apesar do alto número de morte por armas de fogo, o estudo mostra uma queda de 5,6% na taxa entre 2003 e 2004. Essa diminuição é explicada por conta da criação do Estatuto do Desarmamento, em vigor desde 2003.
[Leia na íntegra o Mapa da Violência 2006 – Os Jovens do Brasil]

quinta-feira, 25 de outubro de 2007


em homenagem ao meu seminário de "Pluralismo Jurídico, Estado e Globalização" e ao cansaço de duas noites de elaboração, deixo meu recado pela minha interlocutora favorita: MAFALDA!!!
Beijos e boas noites!
PS. Já que não houve qualquer manifesto sobre a [in]utilidade do blog... permaneço sem rumo!