domingo, 9 de agosto de 2009

Resposta à pergunta & outras coisitas mas...

Caríssim@s,
Hoje estou radiante, tomada pela euforia do novo "brinquedinho" que ganhei do Meu Mais-Que-Querido-Amigo-E-Quase-Irmão, José Arthur. Este brinquedinho consiste no Banco de Dados que compila os Boletins Carcerários, objeto da minha pesquisa de dissertação!
Quase não sou uma nerd curiosa e, pra completar, ele me presenteia com mais esta ferramenta, inédita e exclusiva... estou me sentindo mais feliz do que uma criança em frente a um baleiro!!!
Passei à tarde tendo aulinhas e informações básicas de como manuseá-lo e agora terei 1 semana para compreender a dinãmica e avançar no trabalho... MUITO BOM! O sol ressurge no horizonte e em breve poderei falar com mais propriedade sobre algumas situações da Segurança Pública em Florianópolis e Santa Catarina.
Bom, em meio a tantas novidades, fui FELIZMENTE surpreendida por um mail, de um Leitor, assinado por Gomes, e que me fez pensar alguns aspectos sobre a condição das polícias no contexto da Segurança Pública. Sintetizo o questionamento e, após, respondo.

(...) gostaria de comentar que é bom que a sociedade esteja enganjada em resolver os problemas da segurança pública. Muitas são as idéias a respeito de como melhorar a segurança pública mas nunca vi ninguém fazer um projeto que motive o policial nas ruas a agir. Você sabe me dizer o que motivaria o policial a trabalhar mais a dar mais sangue em sua rotina? Desde já quero adiantar que aumento de salario nao seria. Pois é..... fica ai o questionamento de um agente da seg pública.

Sr. GOMES, agradeço a sua visita ao meu blog e fico feliz de começar a colher frutos deste trabalho que venho me dedicando desde 2007 (espero que bons frutos!). Da mesma forma, digo que é a primeira vez aqui que irei responder a um questionamento, fato inédito, mas por demais gratificante, já que a proposta é justamente este diálogo entre todos os saberes, todas as formas de conhecimento e, principalmente, àquelas que envolvem o debate da Segurança Pública.
POIS BEM Sr. GOMES, como estampado no blog e na página, sou uma Cidadã, nascida e domiciliada na Cidade de Florianópolis (SC), advogada atuante e mestranda em direito (CPGD/UFSC), em Criminologia Crítica e Políticas Criminais. Reforço isso, muito embora ache arrogante, mas jamais para sobrepor títulos e destaques, mas para situar aos interlocutores quem sou e qual o meu local de fala, pois consideramos (aqui falo enquanto Grupo de Pesquisa e Extensão) importante se demarcar qual o universo e as limitações que temos e estamos sujeitos.
Penso que não estou aqui para propor fórmulas mágicas da academia a ninguém, ao contrário, situo-me neste debate como uma pesquisadora que quer TROCAR conhecimentos e práticas. Às vezes me sinto muito mais expectadora do que sujieto ativo deste processo. Não posso, em que pese a voz acadêmica quase sempre seja revestida da legitimidade científica, desqualificar o aprendizado prático de qualquer Ator envolvido nos processos sociais. Sr. Gomes o que quero dizer é que o conhecimento e as soluções precisam sim desta interação, não só de diálogo com a Sociedade Civil, mas sobretudo de diálogos intra-institucionais e entre os diferentes órgãos do Poder Público.
Posso arriscar algumas sugestões à motivação do Policial em combate cotidiano, mas me faltam elementos trazidos do seu local de fala para pensar o problema. Compreende? Não sei qual a sua função, onde atua, quais suas condições de trabalho, sua jornada, a forma que está estruturada a sua corporação, enfim, elementos que poderiam me fazer pensar sobre o fato concreto.
O Senhor bem sabe as diferenças das realidades nos Estados, nos Municípios, tipos de crimes que se combate, etc.
A realidade Catarinense, por exemplo, diverge de todo o restante do Brasil nos critérios do PRONASCI, tanto que nosso estado não recebe esta verba de fomento, pois os índices de criminalidade (sic) não atingem o patamar mínimo estipulado. É um índice falacioso, eu sei, mas o fato é que temos menos verbas à SP, e aí?!
Neste momento o que posso lhe oferecer é o espaço de reflexão e troca de saberes, jamais me atreveria a sugerir alterações das rotinas sem conhecê-las, sem confrontá-las. Seria irresponsabilidade minha inclusive.
Penso como o Senhor (e tenho como um valor para minha vida) que a motivação não se resolve somente com o aumento do salário, além, motivação, ao meu ver, é algo que precisa em grande parte vir de "dentro", ou seja, a pessoa para se sentir motivada precisa, pra começo de conversa, gostar do que faz (pra mim isso é uma regra básica). Sejamos francos e usemos aquele velho jargão popular: "sem tesão, não há solução!". Eu não consigo fazer o que eu não gosto e ponto!
Prefiro continuar a vida estudando e batalhar pelo que acredito a me tornar uma advogada comercial e tributária (isso é fato).
Ocorre que nem todas as pessoas podem ou tem consciência das suas escolhas ao longo da vida. Precisamos ter um salário que nos garanta o mínimo de dignidade e, com isso, muitas vezes os sonhos de ser algo diferente acaba sendo superado pela necessidade de se pagar contas ao final de cada mês.
Não afirmo, em hipótese alguma, que não haja Policial que esteja na lida diária por sonho, vocação ou por acreditar que aquela é a forma de tentar pacificar o mundo. Acredito que estas pessoas existam e não são poucas. Eu mesma conheço várias delas e, digo, são pessoas que prezo muito, tenho um respeito enorme.
Agora, muitas vezes, esta pessoa que não tem esta mesma vontade, por ser uma atividade completamente dinâmica e coletiva, acaba prejudicando um grupo, desestimulando os colegas... quem sabe? Acho que possam existir casos assim (não perca de vista que estou apenas divagando sobre o assunto, ok?!).
Ainda, podero que um meio de motivação não pode ser unânime, vez que é preciso ter a idéia de que estamos tratando de pessoas diferentes, cada um com uma identidade e individualidade que deve e merece ser respeitada.
Sr. Gomes, não sei se fui clara, ou consegui traduzir que eu não tenho elementos para responder, ou ajudar a pensar a sua angústia enquanto operador da Segurança Pública. Reafirmo que podemos e devemos ampliar os debates, trazer mais pessoas a pensar a Segurança juntos, tentemos, dentro das nossas possibilidades, modificar um pouco esta cultura que deu à Segurança o poder de polícia autoritário.
Quebremos este ciclo juntos, pois assim como o Senhor, eu também quero ajudar a construir um "outro mundo possível!"

Deixo aqui meus abraços espeiciais:
- Ao Meu Amigo José Arthur, ombro amigo de todas as horas e presente integralmente na minha vida com toda a sua generosidade... faltam-me palavras pra agradecer este presente que, como mesmo dissemos hoje, mudará muitos rumos da minha vida...
- Ao Sr. Gomes pela abertura de mais uma via de diálogo que poderá ser riquíssima!
- Aos Pais, aos Avôs, presentes e ausentes, com todo o meu afeto!
- Por fim, às imensas saudades que este Dia dos Pais me remente, sinto, ainda muito, as ausências e os vazios deixados por vocês, Pai e Mano, minhas referências masculinas fundamentais...
Pensando alto: Hoje, após estas dolorosas perdas que tive, penso o quão injusta é a morte àqueles que ficam, embora seja a única certeza que temos ao nascer, nunca estamos (e estaremos) preparados para perder as pessoas que amamos, por isso aprendi a eternizá-las dentro de mim e reviver as alegrias dos momentos que vivemos... é isso que ficamos de mais significativo e o que podemos deixar de mais fascinante de herança.
Meu Pai e Eu em seu último aniversário.
Beijos a tod@s os demais leitores!
Dani Felix

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