*o símbolo do ALFINETE é da Luta pela Discriminalização do Aborto e escolha da Maternidade sem Riscos, capitaneada pela "Women on Waves", uma organização não lucrativa holandesa preocupada com os direitos humanos das mulheres. A sua missão é prevenir gravidezes indesejadas e abortos inseguros pelo mundo inteiro, suas intervenções são feitas em um Barco no Mar Internacional, em que não incide qualquer legislação... INTERESSANTÍSSIMO!
(continuação do resumo) Em 1921 realizou-se – em Moscou, na então União das Repúblicas Soviéticas Socialistas (URSS) – a Conferência das Mulheres Comunistas que adota o dia 8 de março como data unificada para o Dia Internacional das Mulheres Socialistas. A partir dessa Conferência, a recém-criada III Internacional divulgará a data do 8 de março como efeméride de celebração e homenagem à luta das mulheres contra a opressão em todo o mundo. Segundo Coté, “uma camarada búlgara propõe o 8 de março como data oficial para a jornada, lembrando a iniciativa das mulheres russas [de 1917]”. É a partir de 1922, portanto, que o Dia Internacional da Mulher Socialista é celebrado oficialmente ao dia 8 de março. Essa história se perdeu das “metanarrativas históricas” – como costumam dizer os pós-modernistas –, seja do movimento socialista, seja dos historiadores profissionais do período supracitado. Nada obstante, é parte fundamental da história social e política das mulheres trabalhadoras e, em especial, do movimento de mulheres socialistas do começo do século XX. Na Rússia pós-revolucionária, nos anos subseqüentes à Vitória de Outubro, o dia 8 de março era diligentemente celebrado. O que explica, então, o progressivo esquecimento histórico da celebração em si e, tão ou mais importante, de seu significado original? As circunstâncias através das quais opera este deslocamento político-ideológico sintetizam-se em um quadrante histórico aberto após o isolamento da Revolução Russa: (i) a derrota da insurgência proletária no Velho Continente (Alemanha, Áustria, Hungria e Itália) no pós-guerra, entre 1918 e 1922; (ii) a constituição de frentes populares (colaboracionismo de classe), abrindo passo à ascensão do fascismo e configurando nova derrota operária nos anos 30; (iii) o crescente processo de stalinização com afastamento de intelectuais dos partidos comunistas e, por fim, (iv) a subordinação do Trabalho ao Capital, mediante o boom econômico do segundo pós-guerra, sob as democracias parlamentares na Europa Ocidental. O período pós-45 marca, enfim, a adesão ativa dos partidos social-democratas e comunistas à Ordem do Capital. Trata-se de um produto eminentemente histórico. É uma angustiante e no mínimo dupla derrota do movimento operário: o triunfo fascista no Ocidente e a consolidação stalinista no Oriente. Os acordos contra-revolucionários de Ialta e Potsdam – firmados entre a burocracia moscovita e o imperialismo hegemônico – dividem o mundo, então, em áreas de influência entre os EUA e a ex-URSS. No afã de dar mostras de comprometimento “democrático” com a “coexistência pacífica”, o neoczár Stálin dissolve a estrutura político-organizativa da Internacional Comunista em 1943 – já com severas degenerescências burocráticas –, negando a perspectiva internacionalista da Revolução de Outubro com a qual foi fundada a União Soviética e a própria III Internacional. O objetivo era, sob o signo da “teoria do socialismo em um só país”, tranqüilizar os novos aliados imperialistas – à petição direta de Churchill e Roosevelt, em especial – sobre a inexistência de qualquer horizonte pró-revolucionário em seus respectivos satélites: os partidos comunistas do ocidente capitalista.
(...)
A construção mítica do 8 de março não constitui valor utópico na luta contra a opressão das mulheres. Significa, ipso facto, a omissão da verdade histórica – suficientemente plena de sentido – que impregna toda a luta da mulher no caminho por sua libertação. A comemoração dessa jornada de lutas só tem a ganhar com a retomada de sua significação histórico-identitária. Implica a reconstrução das origens do ideal socialista da maioria das mulheres que lutaram por uma nova ordem, sem exploração ou opressão do homem pelo homem e, especificamente, da mulher pelo homem. A medida mesma da superação das velhas contradições históricas em cada ordenação societal sempre será – como sabiamente afirmavam Fourier e Marx – a situação das mulheres. Um dia que quer retomar a tradição histórica das lutas de um outrora 8 de março precisa avançar – sem medo ou embaraço pelas derrotas sofridas nas revoluções sociais do século XX – rumo à conquista da real libertação feminina. Tal qual as revoluções proletárias, a luta anti-opressão deve saber sempre superar-se a si mesma.
Só assim poderemos enunciar a problemática que realmente interessa. Qual é, afinal, a real conexão entre a abolição das relações de poder entre os sexos e a luta por uma futura sociedade sem classes? Ou, por extensão, quais são as afinidades entre feminismo e marxismo? Em última instância, a resposta a estas perguntas deve ser encontrada no terreno fértil da História e – a sua vez – fecundada pela práxis. Se é verdade que a Ordem do Capital e a libertação das mulheres são irreconciliáveis entre si, também o é que um movimento social que encarne valores para além da opressão do homem sobre a mulher precisa ancorar-se, firmemente, entre aquelas e aqueles que produzem (e reproduzem) as condições materiais da existência humana na sociedade capitalista. Daí que a libertação da mulher não represente tão-só um problema de gênero mas, sobretudo, uma questão de classe. O resgate das origens socialistas e revolucionárias da luta contra a opressão das mulheres não se trata de um olhar perdido no passado. Muito pelo contrário. Trata-se de construir o futuro, hoje, sonhando o sonho juntos/as.
São a estas Mulheres que dedico este POST, que, segundo Simone de Beauvoir, em "O Segundo Sexo", ligam-se pelas lutas de classe, na busca de igualdades de gênero, que se reflete, em termos práticos, nas lutas políticas feministas tão esquecida e apedrejada pelas próprias mulheres burgeusas. INFELIZMENTE!
Diferentemente do que se propaga, a LUTA DAS MULHRES continua!
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