quarta-feira, 7 de novembro de 2007

Acabo de ouvir do célebre apresentador do Jornal do Almoço RBSTV/SC a seguinte chamada:
"Veja a seguir: A PROLIFERAÇÃO DE MORADORES DE RUA NA CAPITAL".
Não menos chocante, as imagens de Policiais Militares fazendo revista pessoal em pleno largo da alfândega e conduzindo-os a força para a viatura, sob a acusação de ameaça.

Pois e agora?

Não sei o que foi dito na matéria, mas sabe-se que a lógica institucional e midiática opera sob o discurso da "Tolerância Zero" como forma de controle da ordem social, de matriz eficientista, ventilada pelo então do Prefeito de NY Giuliani.
Os ventos do norte dissiminaram e fizeram escola, inclusive, dentro da Polícia Militar de Santa Catarina.
Esse Discurso Oficial de "Lei e Ordem", assim denominado pela Criminologia, tem como foco o combate da criminalidade ante a crise de eficiência do Sistema Penal, com isso, a sociedade civil que clama por segurança, recebe do aparato estatal a resposta pela via repressiva penal, por meio de mais leis criminalizantes e, conseqüentemente, maior a abrangência de quem é o sujeito criminoso [uma evolução dos moldes Lombrosianos], vulgar e erroneamente conhecido como delinqüente, bem como a edificação de mais e mais muros de contenção dessas personas non gratas, os pobres e os miseráveis.
Esta intolerância tem, num primeiro momento, o efeito de higienização e assepsia social em que os estratos mais baixos da população, clientes perpétuos das prisões, somados aos novos sujeitos das leis criminalizadoras, tornam a vida em sociedade mais "segura".
Ocorre que, quanto maior a demanda, maior é a estrutura que ela necessita e sua integração aos demais órgãos que compõem Sistema Penal.
Há de se considerar, ainda, que além do aumento da demanda esse sistema penal se retro-alimenta com o retorno dos presos-sobreviventes, provisórios e preventivos, à rua, que estigmatizados e esquecidos na marginalidade da sociedade liberal capitalista consumista, voltam a delinqüir.

Para a mídia produtora e reprodutora do 'senso comum' dominante e ideologicamente cooptada pelo capitalismo-globalizante esses seres humanos serão sempre vistos como bichos, quando forem vistos dispersos à paisagem tão limpa e homogênia, popr isso o medo da proliferação.
Sem dinehiro no bolso eles não são cidadãos, são criminosos ou suspeitos.
A eles resta o cárcere.

Para nós as ruas das cidades protegidas pela Polícia, sem essas incômodas presenças que sempre nos trarão o medo...

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