sexta-feira, 19 de novembro de 2010

CNJ recomenda fechamento de unidades de internação em Santa Catarina após denúncia de tortura

Companheir@s, 
Noticio a RECOMENDAÇÃO DO CNJ AO PODER EXECUTIVO DO ESTADO DE SANTA CATARINA PELO FECHAMENTO DE, AO MENOS, 2 INSTITUIÇÕES DE CUMPRIMENTO DE MEDIDAS SÓCIOEDUCATIVAS: a Pliat (Florianópolis) e o Centro Educacional e Regional São Lucas (São José).
Nós, militantes críticos da causa da infância e adolescência, sabemos como vivem e o quanto sofrem os internos sujeitos às medidas. Contudo, tanto o Poder Executivo, por intermédio do Governador, Ministério Público (salvo raras exceções [conheço 3 somente!]), Secretários de Segurança Pública, Secretário de Cidadania e Justiça e tod@s @s demais envolvid@s na escala descendente de gestão, bem como o "alto clero" do Poder Judiciário Catarinense, não só ignoram o regime de barbárie instituído intramuros, como a legitimam por meio de seus atos administrativos e de gestão.
Foi preciso uma inspeção federal, de surpresa (tal como ocorreu e aí não deu tempo de fazerem o make up), para tornar público o Sistema, como mesmo narrado no Relato do CNJ, “semelhante a uma masmorra da Idade Média”.
Diante disso e aproveitando o momento, 


CONVOCO-OS para participar da 
AUDIÊNCIA PÚBLICA, com o tema: 
"O SISTEMA SOCIOEDUCATIVO CATARINENSE EM DEBATE" 

que ocorrerá dia 29 de novembro de 2010
às 19 horas
no Auditório da Assembléia Legislativa  de Santa Catarina - ALESC

Contará com as presenças de 
GELSON MERISIO, Deputado e Pres. da ALESC
ANA PAULA LIMA, Deputada e Pres. da Comissão de Direitos e Garantias Fundamentais de Amparo à Família e à Mulher
JOSÉ TRINDADE DOS SANTOS, Desembargador Pres. do TJSC
HELEN CRYSTINE CORREA SANCHES, Promotora de Justiça e Presidente da Associação Brasileira do Ministério Público (ABMP). 

    
Leia a Matéria publicada na página do CNJ 
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O Conselho Nacional de Justiça (CNJ) vai recomendar ao governador do Estado de Santa Catarina, Leonel Pavan, o fechamento de duas unidades de internação de jovens em conflito com a lei: a Pliat, em Florianópolis, e a São Lucas, no município de São José, região metropolitana da capital catarinense. Durante inspeção nessas duas unidades, realizadas no mês de agosto, a equipe do Programa Medida Justa, do CNJ, ouviu queixas de agressões, tortura, humilhação e outros tipos de maus tratos. Segundo os internos, os monitores fazem dos castigos físicos uma rotina, com o uso de armas de fogo e algemas de pulso e de tornozelos.
O Programa Medida Justa realiza inspeções em unidades de internação de todo o país para traçar um diagnóstico da situação dos adolescentes que cumprem medidas socioeducativas. Com base nos problemas detectados, o CNJ cobra das autoridades estaduais melhorias na atenção aos internos, como é o caso de Santa Catarina, onde foram inspecionadas 20 unidades em 16 municípios.
De acordo com o relatório gerado a partir da inspeção, grande parte das unidades possui arquitetura prisional, sem condições de propiciar aos adolescentes atividades lúdicas, esportivas, de lazer e profissionalizantes. “O que se pode perceber é que os gestores do sistema não estão preocupados com o cumprimento da lei e o respeito à dignidade dos adolescentes internados”, informa o relatório.
Sobre as unidades de Pliat e São Lucas, o documento traz a seguinte constatação: “Em ambas, notou-se que o grupo de monitores, ao invés de internalizar os valores protetivos e socioeducativos no tratamento dos adolescentes, que são próprios da principiologia estabelecida pelo jurídico pátrio, vivenciam cultura de dominação e intimidação”. Na parte que sugere o fechamento das duas unidades, é dito que elas não atendem às necessidades dos jovens e aos preceitos legais. O documento diz que o fechamento é importante “para que os horrores que lá ocorrem tenham fim, com a responsabilização daqueles que estão a violar os direitos básicos dos adolescentes”.
Na unidade Pliat, definida como “semelhante a uma masmorra da Idade Média”, a equipe do CNJ viu, em cada um dos alojamentos, três ganchos presos à parede. Segundo queixas dos adolescentes, ali eles são algemados nus e, em seguida, agredidos e torturados. Além disso, os internos contaram ser obrigados a urinar dentro de seus próprios alojamentos, em garrafas tipo pet. Isso ocorre quando eles não conseguem ir ao banheiro, porque os monitores se negam a abrir a grade do alojamento. E, quando autorizados a ir, o banheiro não dispõe de portas que garantam um mínimo de privacidade. Os menores denunciaram também que são obrigados a lavar os pratos sujos deixados pelos monitores e que, por motivos fúteis, ou mesmo sem motivo, são agredidos.
O clima de intimidação na Pliat se reflete também nas caveiras que adornam o quadro de avisos e nas camisetas pretas dos monitores que, segundo relato dos menores, portam, durante a noite, pistolas calibre 380. 
Na unidade São Lucas, segundo o relatório, a equipe do Programa Medida Justa constatou que a arquitetura é inadequada e que “a gestão padece de problemas semelhantes aos verificados no Pliat, com notícias de tortura, agressões, tratamento degradante e intimidação”, além do fato de os funcionários não recolherem o lixo despejado pelos internos, que acaba se acumulando no chão.
A fiscalização do Judiciário local junto ao sistema de internação também mereceu críticas. Por isso, o CNJ recomendará ao presidente do Tribunal de Justiça e ao corregedor uma melhor capacitação e atualização dos magistrados e servidores das varas da Infância e da Juventude. 
Atraso- Durante a inspeção, a equipe do CNJ solicitou às autoridades locais esclarecimentos sobre convênio do governo estadual com a Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República para a construção de uma unidade de internação no município de Joinville. Embora o prazo de execução do convênio expire em 28 de dezembro, as obras sequer foram iniciadas. Foram pedidas explicações também sobre o atraso na execução de outro convênio, este para a construção de uma unidade na Grande Florianópolis.
Outro problema detectado é que na maioria das unidades visitadas, embora destinada à internação provisória, 80% dos internos são sentenciados e, por isso, não deveriam estar ali, mas em estabelecimentos preparados para uma permanência mais prolongada, devidamente aparelhados para atender aos adolescentes privados de liberdade. - sem grifo na fonte de origem.


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