quarta-feira, 15 de julho de 2009

O direito de não calar...

Acho que de fato estava com saudade do Curso de (De)Formação de Segurança Cidadã, de Canoas/RS! Recordar dos debates acalourados na Ulbra com os Colombianos e as interrogantes que em resposta nos deram reticências(!!!).
Encontrei este artigo (Código Irresponsable del PNUD, de Bartolomé Clavero), na página "América Latina en movimiento",que trata da [ideo]lógica de atuação do PNUD no Chile e a submissão em que os povos indígenas estão sendo colocados (mais uma vez na história) às leis e aos  projetos formais propostos por essa Agência Internacional muito boazinha, utilizando-se discursivamente bandeira de emancipação popular, democracia, horizontalidade, etc.
Pertinente se faz a análise do texto olhando-se criticamente o nosso contexto da Segurança Pública na CONSEG, sem esquecer que é o PNUD a Agência financiadora de toda a CONSEG.
TOCO NO ASSUNTO, pois nós, CRÍTICOS, não podemos perder de vista os objetivos pelos quais lutamos. 
Lá a questão indígena é um impasse histórico. Aqui constituímos a "VIOLÊNCIA URBANA" como a inimiga nacional (sim! a violência é fêmea!), mas atrás desta falácia estão os pobres das favelas. 
Não temos mais uma figura única da "baixa" escala social, como havia o negro na época da escravidão. Muito embora possamos considerar que grande parte da população que ocupa as favelas, subúrbios e zonas de miserabilidade extrema, são afro-descendentes. As questões de identidades cultrurais se multiplicaram, assim como se pluralizaram os debates das desigualdades sociais, então, para se tornar mais funcional (aos operadores do sistema econômico) trabalha-se com a categoria POBREZA, compreendendo-o como aqueles que não têm acesso aos meios de consumo.
Digo isso com base nas próprias análises de faixas criminais a que o "novo(velho) paradigma de modelo de segurança" se presta a resolver, ou seja, continuamos na caça de crimes contra os corpos, patrimônio e entorpecentes, sonegando-se, contudo, a análise da macrocriminalidade e a macroestrutura econômica que a sustenta. 
É óbvio no processo em curso, mas é justamente este "óbvio" que não é "óbvio para a grande parte dos participantes, por isso que não podemos calar e deixar de pontuar  nossas análises: 
- NÃO ACEITAMOS E NÃO LEGITIMAMOS UM PROCESSO QUE SE PROPÕE AO EXTERMÍNIO DAS POPULAÇÕES POBRES E MISERÁVEIS, seja de forma direta (com os combates armados na busca dos inimigos, utilizando-se de caveirões e outros apetrechos  morticidas) ou indiretamente (pelas penas de privação de liberdade que se colocam como solução,  já estabelecidas no território do Tio Sam, modelo esse importado por Bogotá e colocado como a solução para os nossos problemas latinos americanos).
No Brasil, por exemplo, este modelo gerencial propõe a importação do aparato tecnológico e a terceirização da administração dos sistemas prisionais (leia-se, privatização), dando a roupagem digna do século XXI, "hi-tech", maquiando-se, outrossim, a violência desse sistema cruel, violento e, como não poderíamos deixar de pontuar, rentável!
É nesta implantação tecnológica e administração que escorrerão rios de dinheiro dos cofres públicos, além de pactuarmos o Estado de Polícia (cf. Zaffaroni), em que os substratos problemáticos da população que sobreviverem as investidas policiais, mofaram  atás das  grades. 
Os poucos que ficarão no território, continuarão aprisionados nos seus lares, pois esta polítca não resolverá o problema (como diria Vera Andrade, o topoi). Pensemos criticamente sobre as questões, analisando o que já está ocorrendo em outros países vizinhos (como é o caso descrito abaixo) para ver que em breve seremos nós - mais uma vez - os espoliados e excluídos deste pacto.
Não deixemos nosso olhar diferenciado ser diluído pelo debate corporativista, principalmente àqueles que estão dentro das Instituições estatais, e não tenhamos como bandeira de luta simplesmente o "ter", pensemos no "ser", aquele que nanscerá tão-logo na Conferência Nacional em Agosto. 
É este "ornitorrinco" (cf. Francisco de Oliveira) que queremos? 
Beijos Críticos!
Dani Felix
 

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