quarta-feira, 6 de março de 2013

Artigo: Hasta siempre comandante!, por Gladstone Leonel da Silva Júnior

Excelente artigo do Companheiro de RENAP Gladstone!
Viveremos e venceremo!
Abraços enlutados!
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Morre o homem, sobrevive o mito? Não só. 
O exemplo do ser humano e todos os avanços da Revolução Bolivariana permanecerão

Gladstone Leonel da Silva Júnior*
06/03/2013

No início desse ano, ao ler o “Livro dos Abraços” de Eduardo Galeano, uma crônica em especial me chamou a atenção. O escritor uruguaio conta que “Manuel Marulanda Vélez, o famoso guerrilheiro colombiano, não se chamava assim. Há quarenta anos, quando empunhou armas, ele se chamava Pedro Antonio Marín. Naquela época, Marulanda era outro: negro de pele, grandalhão de tamanho, pedreiro de ofício e canhoto de ideias. Quando os policiais espancaram Marulanda até matá-lo, seus companheiros se reuniram em assembleia e decidiram que Marulanda não podia se acabar. Por unanimidade deram seu nome a Marín, que o carrega desde aquele tempo.”
Apesar das distinções do enredo, qualquer semelhança não será mera coincidência com a morte do Comandante Hugo Chávez. A diferença é que, talvez não surja uma pessoa que se apropriará de seu nome e sua bravura. Como o próprio presidente dizia, hoje não há um Hugo Chávez na Venezuela, eles são muitos e estão espalhados por todo o país. Ousaria dizer mais, que são tantos que extrapolam a fronteira da Venezuela e abarcam toda uma América Latina, que hoje herda um projeto delineado de integração popular, continuamente estimulado por aquele povo e presidente.
Morre o homem, sobrevive o mito? Não só. O exemplo do ser humano e todos os avanços da Revolução Bolivariana permanecerão.
E o que isso significa?
Significa que a pobreza geral diminuiu ao redor de 50% e a indigência 51%, desde 1998 (ano em que Chávez é eleito presidente pela primeira vez). De acordo com dados da CEPAL, em 2010 localiza‐se a pobreza geral em 27,8% e a indigência em 10,7%. A Venezuela é o país com menos desigualdade na América Latina, com um coeficiente Gini de 0,394.
Significa que uma realidade agrária regida historicamente pelo latifúndio, o qual apresentava um quadro de pobreza e improdutividade rural, além de uma extensão de 6.762.399 hectares foi modificada desde 1998. Desse montante, o governo resgatou 3.654.681 hectares. Assim, a produção de alimentos passou de 17.160.577 toneladas em 98, para 24.686.018 toneladas, no ano 2010 com a expropriação do latifúndio; o qual representa um incremento de 44%.
Significa que, de acordo com o relatório da UNESCO, o investimento do Estado venezuelano em educação aumentou de 3,38% do PIB em 1998, ao patamar de 7% em 2009. Esses dados demonstram o êxito de programas como a missão Robinson, responsável pela erradicação do analfabetismo na Venezuela, a missão Ribas para beneficiar as pessoas que não tinham terminado o ensino secundário e a missão Sucre, responsável pela entrada daqueles antigamente de excluídos do sistema universitário.
A Venezuela atual, apresentada a partir desses parcos dados, não é mais aquele país diagnosticado na obra clássica, As veias abertas da América Latina. Ali, os relatos descreviam um período histórico em que o povo era vitimado por uma metrópole espanhola e, posteriormente, pela oligarquia escravista venezuelana sedenta pelo lucro fácil na extração de cacau e café. Sujeitos estes que foram substituídos pelas empresas estrangeiras exploradoras de petróleo ao longo do século XX. Momento em que se configurou uma situação, ao longo da década de 70, onde quase a metade dos ganhos que o capital estadunidense extraía da América Latina eram provenientes da Venezuela. Resplandecia uma classe mutimilionária em um oceano de subdesenvolvimento e miséria. De fato, hoje se trata de outra Venezuela. 
Mais do que todo o exposto, Chávez recuperou algo essencial. A dignidade de um povo! Estes, agora de cabeça erguida, através da pedagogia do exemplo, compreendem que para a continuidade da Revolução Bolivariana será necessário unidade, organização, disciplina e luta. Não é por acaso, que mais uma de suas frases reverberam em todo o continente com uma pujança crescente, quando o comandante dizia: "Aos que me desejam a morte eu lhes desejo muita vida para que sigam vendo como a Revolução Bolivariana vai seguir avançando de batalha em batalha, de vitória em vitória”. A tarefa está dada. Não só aos Venezuelanos, pois o projeto transformador é latino-americano. Chávez partiu, mas durante a campanha presidencial em 2012 nas ruas de Caracas, o povo antecipava os seguintes dizeres: “Viveremos e venceremos”!
O legado deixado pelo povo ao eleger, ao longo de 14 anos, Hugo Chávez como presidente da Venezuela afeta todo um continente. As convicções libertárias e anti-imperialistas do comandante reverberam em toda uma América Latina que continuará a batalhar por mudanças estruturais. 
Fica o agradecimento daqueles que lutam por uma sociedade justa e transformadora. Preserva-se o grito quando a dor apertar e enquanto a luta popular perdurar: CHÁVEZ, presente!


* Professor e doutorando em Direito pela Universidade de Brasília e militante da Consulta Popular-DF. Participou do Encontro Internacional de Jovens da Nossa América, na Venezuela, em agosto de 2012.
Fonte: http://www.brasildefato.com.br/node/12195

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