Olá Pesso@l!!! FeliXXX 2012 pra tod@s!
O ano começou meio agitado, mas já estou colocando as coisas no eixo para continuar à diante!
Pra começo de conversa, segue um artigo muito interessante publicado na página da Carta Capital hoje, sobre a atuação das Policias em 3 situações distintas: a intervenção na "cracolândia", a agressão policial na USP e os movimentos contra o aumento das passagens de ônibus.
Vale a Leitura!!!
Abraços,
Dani Felix
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A ditadura acabou. Falta avisar a polícia
Rezam
os livros de história que, quando Dom João VI correu do Rio de Janeiro em 1821
de volta à Portugal, raspou os cofres e deixou um território gigantesco para
ser administrado por seu filho, Dom Pedro. Este, sem muito talento para a coisa
e de pires na mão, iniciou a história independente de um país que já nascia
adiando suas necessidades e obrigações.
Ou seja: nascia o Brasil que conhecemos.
A partir daí,
quase tudo o que constitui uma civilização ocorreu no Brasil tardiamente, e
daquele jeito bem mais ou menos. Ou então ainda não ocorreu. A primeira
universidade brasileira surgiu no século XX, centenas de anos após nossos
vizinhos terem as suas. Escola pública universal é uma conquista recente, e só
ocorreu quando a qualidade dela já não era das melhores. Os surtos de dengue se
repetem a cada verão. E o respeito aos direitos humanos ainda está longe dos
hábitos enraizados da sociedade.
No último
século, lampejos de uma democracia frágil e duas ditaduras, a de Getúlio Vargas
e a dos milicos, acabaram por deturpar uma das instituições fundamentais para a
evolução de uma sociedade: a polícia.
O brasileiro
aprendeu a ter medo de quem veste farda. Nos anos de chumbo, porque a polícia
tinha poderes arbitrários para prender quem quisesse. Tem cara de terrorista?
Vai preso. Tem cara de bandido? Vai preso. Está sem o R.G.? Vai preso. Está
fazendo nada? Vai preso por vadiagem. E assim foi por muitos anos. Se
perguntassem a um policial nos anos 1970 sobre qual era a prioridade de seu
trabalho, a resposta padrão seria “manter a ordem”, e não “proteger a
sociedade”. O cassetete virou política.
Isso porque, na
prática, a polícia defendia os governantes da própria população, porque uns
queriam ser representados e outros se outorgaram o direito de representar.
Estavam em lados opostos, algo que não faz sentido, em tese, em uma democracia
– em que você pode cobrar quem elegeu como representante.
A polícia é um
exemplo de que a transição da Ditadura Militar para a democracia parece ser
mais um capítulo dessa história brasileira na qual as coisas acontecem mais ou
menos, das políticas que mudam mas não muito, da evolução que se dá do jeito
que der e não do jeito que deveria ser. Podem ter existido casos
isolados, mas nunca houve uma real e abrangente ruptura das estratégias
policiais da Ditadura com a maneira como as polícias estaduais atuam hoje.
Três fatos desta
semana exemplificam esse fato: a ação da PM paulista na chamada Cracolândia,
zona central de São Paulo tomada por viciados; a violência gratuita de um
policial, também da PM paulista, contra um estudante da USP; a ação
repressiva da polícia do Piauí contra estudantes que
protestavam contra o aumento da passagem de ônibus [1].
O que podemos
fazer para acabar com o problema do crack no centro da maior cidade do País?
Borrachada em viciado, impugindo-lhes propositalmente “dor” e “sofrimento”,
relegando a segundo plano a ação de saúde pública e de assistência social. O
que fazer com estudantes a protestar contra o aumento da passagem de ônibus?
Borrachada neles, como se fossem revolucionários comunistas tentando tirar o
milico de plantão no poder do País.
É importante
frisar que ser um policial competente no Brasil é um sacrifício digno de
odisséias bíblicas. O salário é baixo, sobretudo se comparado ao risco
que ele corre todos os dias. Quase nunca ele tem ao seu dispor uma boa
estrutura para exercer o ofiício. E ainda tem grandes chances de receber
instruções deturpadas no que se refere aos direitos humanos.
As autoridades
já deveriam há muito tempo ter criado uma política nacional para a ação
policial, seja esta sob jurisdição estadual ou municipal. Polícia que bate sem
contexto de legítima defesa é polícia subdesenvolvida. A incapacidade das
corporações policiais em resolver os problemas sem o cassetete mostra um país a
evoluir do jeito que dá e não do jeito que deveria ser. É o rescaldo da
Ditadura, que nos lembra diariamente o quão longe ainda estamos de sermos uma
civilização avançada, não importa o quão bem caminhe nossa economia.
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[1] protestavam contra o aumento da passagem de
ônibus: http://www.cartacapital.com.br../mp-e-oab-vao-mediar-impasse-entre-estudantes-e-governo/